Toninho da Barcelona admite que fez transações com o PT
Da Redação | 20/09/2005, 00h00
Toninho da Barcelona chegou a revelar que em 2002 entregava a uma pessoa de nome Marcos, no gabinete do então vereador paulista Devanir Ribeiro, do PT, cerca de US$ 30 mil por dia. Segundo ele, a soma pode ter passado de US$ 100 mil. Devanir Ribeiro, atualmente deputado federal pelo PT de São Paulo, e que estava no plenário da CPI, disse desconhecer o recebimento do dinheiro. Mas o doleiro insistiu que os recursos eram entregues a Marcos, "que pode ser o filho do deputado", por um funcionário seu de nome Marcelo Viana.
Toninho da Barcelona - que assinou termo de compromisso de falar a verdade- informou que a sua empresa chegou a transferir recursos para o exterior oriundos da Prefeitura de Santo André (SP) e que eram, segundo ele, de empresas de ônibus. Ele disse que o dinheiro chegava em pequenas cédulas - R$ 5,00 e R$ 10,00 - ou seja, dinheiro típico de negócios como empresas de ônibus. Toninho revelou ainda que a doleira Anelma e o doleiro Ernesto encabeçavam as transações. Todas as informações, disse, estão à disposição da Polícia Federal que investiga os fatos.
O doleiro classificou de "fantasiosa e sem nexo" notícia dando conta de que Luis Favre, marido das ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, usou nomes falsos para participar de operações fraudulentas para remeter dólares ao exterior. Ele também pediu a reabertura da CPI do Banestado com o objetivo de identificar possíveis beneficiários, "incluindo nomes de parlamentares", do que viria mais tarde ser chamado de mensalão.
A lista
Toninho da Barcelona confessou ao longo do depoimento que juízes e policiais federais sempre foram clientes da empresa de sua propriedade de nome Barcelona Tour. Ele chegou a citar alguns nomes de juízes como Cássio Maslum; Luiz Rondon Teixeira Magalhães, Plínio Barreto, e outro juiz de nome Haroldo. Mas, segundo ele, esses juízes nunca chegaram a solicitar remessas de dólares ao exterior. Ele revelou ainda que a empresa mantinha um convênio com a Associação dos Funcionários da Polícia Federal para atender agentes e delegados.
Toninho da Barcelona iniciou o seu depoimento negando que tenha mandado dólares ao exterior de propriedade do ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, conforme notícia veiculada pela revista Veja. Ele aconselhou a revista a procurar informações junto ao doleiro Marco Antonio Corsini.
Barcelona disse ainda que o banco MTB abrigava cerca de 90% das operações financeiras envolvendo compra e venda de moedas estrangeiras no país, e que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, remeteu, no passado, US$ 59 mil ao exterior. Ele disse acreditar, no entanto, que Meirelles "remeteu a quantia sem qualquer intenção de lesar ou fraudar a legislação". Disse ainda que em suas contas bancárias jamais transitou um centavo de dinheiro público, ou oriundo de narcotráfico e tráfico de armas.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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