Deputado acusa Gushiken e Dirceu de organizar quadrilha

Da Redação | 14/09/2005, 00h00

O ex-ministro da Comunicação e Gestão Estratégica Luiz Gushiken foi acusado pelo deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) de organizar, ao lado do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, uma quadrilha que atua no governo federal. De acordo com o parlamentar gaúcho, cabia a Gushiken "o poder ditatorial" sobre a execução e a contratação das agências de publicidade no governo e que, graças a isso, o poder do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza cresceu. A acusação gerou discussão no plenário da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios nesta quarta-feira (14),

- Repudio a forma desrespeitosa com que trata a mim e ao governo. Apresente provas, pois suas acusações não têm consistência - desafiou Gushiken em voz alta.

Outro que abalou a paciência do ex-ministro foi o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), o qual afirmou que o PT recebia "caixinha" das agências de publicidade e que o empresário Marcos Valério "está nos intestinos" do governo.

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) afirmou que os parlamentares estão "sofrendo de amnésia" ao tratarem o esquema do "mensalão" como "o maior escândalo da história brasileira". Ela lamentou que todos tenham esquecido os escândalos bilionários do Sivam, da "Pasta Rosa", dos Precatórios, dos Bancos Marka e Fonte-Cindam na época da desvalorização do real e da privatização do sistema Telebrás.

Negativas

 Gushiken, ao responder os questionamentos dos parlamentares, além de negar influência sobre os fundos de pensão, negou que conversasse com o ministro José Dirceu sobre Daniel Dantas e seu banco, o Opportunity, ou sobre as relações do banco com a Previ, "o maior conflito societário do Brasil" - motivo pelo qual, avaliou, possa ter sido espionado pela Kroll.

Ele negou que influenciasse Sérgio Rosa, presidente da Previ (Fundo de Pensão do Banco do Brasil) em suas decisões. Negou que a Globalprev, empresa que sucedeu a Gushiken Associados, tenha prestado alguma consultoria para a Guaranhuns, empresa envolvida com o pagamento do mensalão a parlamentares.

Negou ter participado de uma reunião secreta com a Telefônica, a Telemar e a Brasil Telecom para uma suposta compra de ações da Embratel. E também negou conhecer uma suposta disputa entre a Brasil Telecom e a Telemar, empresas de telefonia, pelas ações da Gamecorp, empresa do filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Gushiken disse ainda não saber por que não houve renovação do contrato de publicidade da agência de Duda Mendonça. Negou que tenha influenciado o investimento de dinheiro federal nas duas revistas de pessoas ligadas à sua família, da Editora Ponto de Vista.

Ele disse também não acreditar em uma das linhas investigativas da CPI sobre as origens do dinheiro que abastecia o "propinoduto", de que a verba originou-se dos fundos de pensão.

- A CPI pode e deve investigar as irregularidades nos fundos de pensão, mas afirmar que isso é uma fonte seria precipitado - disse.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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