Demostenes culpa omissão do governo Lula pelo assassinato de irmã Dorothy

Da Redação | 17/02/2005, 00h00

Ao manifestar sua indignação pelo assassinato brutal da freira norte-americana Dorothy Stang, o senador Demostenes Torres (PFL-GO) culpou a omissão do governo Lula pelo acontecimento. Ele lembrou que menos de uma semana antes de ser assassinada a religiosa comunicou ao secretário de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, Nilmário Miranda, que estava jurada de morte por fazendeiros da região.

- Sempre que o governo Lula vai gerencial uma crise de segurança, chega atrasado. O Ministério da Justiça tinha que ter dado proteção à religiosa. Depois de consumado o crime, repulsa verbal e mobilização de ministros representam algo fingido e orquestrado para durar enquanto o assunto estiver em evidência na mídia - protestou.

Demostenes protestou, ainda, contra os incidentes ocorridos em um bairro de Goiânia, onde a desocupação de uma área pela Polícia Militar resultou, segundo disse,"numa situação semelhante a de uma praça de guerra na Faixa de Gaza", com fogo cruzado entre policiais e civis.

O senador por Goiás disse que a situação chegou ao imponderável porque houve "extrema leniência" com os invasores.

- É evidente que as 12 mil pessoas que ocuparam o local não chegaram lá de uma só vez. Enquanto as autoridades não reagiam, o fato foi se consumando, com milhares de edificações construídas, algumas de excelente padrão - disse.

Demostenes lembrou que, quando foi secretário da Segurança Pública de Goiás, enfrentou situações semelhantes com os sem-terra. Segundo ele, na época foram negociadas saídas "sem que se abrisse mão da substância da lei e do estado de direito".

O senador citou o Mapa da Violência editado pela Unesco, afirmando que, mantida a taxa de crescimento anual de 4,2% verificada entre 1995 e 2002, o país fechará a presente década com um número próximo de 580 mil assassinatos, ou seja dois tsunamis em dez anos.

Enquanto isso, frisou o senador, a União, conforme dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) investiu, no ano passado, cerca de 50% do orçamento federal do Fundo Nacional de Segurança Pública, cifra que equivale a gastar apenas R$ 1 para dar garantia de vida a cada brasileiro. Demostenes concluiu seu discurso afirmando que a política de Segurança Pública do governo Lula "é uma lástima, um desastre".

Em aparte, o senador Mão Santa (PMDB-PI) lembrou ensinamento do filósofo italiano Norberto Bobbio, segundo o qual "o mínimo que um governo deve fazer é dar segurança ao cidadão".

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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