Ciro pede a Sarney para intermediar conflito por recursos com governadores

Da Redação | 21/09/2004, 00h00

O presidente do Senado, José Sarney, disse nesta terça-feira (21), após receber o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, que vai trabalhar pelo surgimento de uma solução negociada para a alocação de recursos destinados ao desenvolvimento regional, visando conciliar a posição dos governos estaduais com o federal.

 - Temos que harmonizar as concepções diferentes e procurar um meio-termo, de modo a conjugar os projetos de longo prazo e os emergenciais - afirmou.

Sarney elogiou o ministro por inovar com "uma importante virada na visão dos problemas do Nordeste: uma visão de longo prazo, permitindo que eles sejam encarados na sua totalidade e não segmentadamente", embora essa posição conflite com a dos governadores, que precisam de soluções para problemas imediatos.

- Essa outra visão também é muito justa, diante da situação dos governadores que têm questões emergenciais a resolver - admitiu.

O próprio Ciro Gomes reconhece que "a motivação dos governadores é justa e correta", e por isso veio pedir a ajuda do senador:

- Vim buscar sua intermediação, sua atuação e seu prestígio para a tramitação da nova Sudam e da nova Sudene, e que nos ajude a encontrar uma fórmula justa para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional. Ele, com a estatura que tem, talvez seja a única pessoa que tenha condição de mediar as justas súplicas que colidem nesse assunto - disse.

Sarney informou que a polêmica que cerca os projetos de recriação da Sudene e da Sudam inviabiliza a votação de tais matérias ainda neste ano, mas ressaltou que existe "um anseio das bancadas daquelas regiões pela volta de ambas, que inexplicavelmente foram extintas". O senador lembrou que participou da negociação que resultou num acordo segundo o qual os recursos do Fundo de Desenvolvimento Regional seriam aplicados pelos governos dos estados, e não pelas agências de desenvolvimento que sucederam a Sudene e a Sudam, e mostrou-se disposto a ajudar na formação de um novo acordo :

- Nada impede que se possa reabrir a discussão e conseguir mais recursos do que os que estão alocados e que   se possa dividir esses recursos entre as agências e os governos dos estados - afirmou.

Interligação

O projeto de interligação de bacias do Nordeste e de garantia da segurança hídrica da região também foi objeto da conversa entre Ciro e Sarney, que gostou da proposta: "o projeto é muito bom e obedece a essa visão de longo prazo, é um projeto para trinta anos".

- Estamos sendo realistas, pois é preciso revitalizar a bacia, regularizar a vazão do rio e proteger as nascentes, e isso demanda tempo - comentou Sarmey.

O ministro espera iniciar "tanto a revitalização quanto as obras de interligação de bacias no ano de 2005". Sobre declarações da senadora Heloísa Helena (P-SOL-AL) de que o rio São Francisco está morrendo e que seria dinheiro jogado fora fazer a transposição, Ciro afirmou:

- A primeira parte da frase é parcialmente verdadeira, embora exagerada, e a segunda é um equívoco de quem talvez não compreenda a nova concepção. O rio de fato tem problemas graves no baixo São Francisco, onde está o estado que a eminente senadora representa, há um prejuízo grave causado pela cascata de barragens. Entretanto, o que seria do Nordeste sem a cascata de barragens da CHESF? A resposta para isso é um programa de revitalização que já está em curso, tanto de recuperação de matas ciliares quanto de assoreamento e recuperação das nascentes, e apoio aos pescadores do baixo São Francisco que ficaram praticamente sem poder trabalhar no rio com os nutrientes retidos em Sobradinho. Isso não tem nada a ver com a interligação de bacias. Trata-se de transportar 1% da vazão média do rio para garantir que a vida seja sustentável para nove milhões de brasileiros que só têm essa água disponível, não têm outra - concluiu.

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Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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