Ana Júlia denuncia reação violenta de madeireiros

Da Redação | 24/11/2003, 00h00

A senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) denunciou que a ação do governo federal no combate à devastação da Amazônia vem gerando uma reação -absurda, ilegal e ilegítima- por parte do setor madeireiro. Ela destacou que a oposição às iniciativas governamentais ocorre principalmente nos municípios de Altamira e Porto de Moz, ambos no Pará, inclusive com a ameaça de fechamento da rodovia Transamazônica.

Na avaliação da senadora pelo Pará, a reação dos madeireiros é conseqüência imediata da assinatura de um decreto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que cria a reserva extrativista Verde para Sempre, com 1,3 milhão de hectares abrangendo terras no sudoeste do estado. Ela lembrou que há três anos as comunidades de Porto de Moz e Prainha lutam pela criação desta reserva, com o objetivo de garantir o uso responsável e o manejo sustentável dos recursos florestais da região.

- Essa reserva já havia sido proposta anteriormente, mas o então governador do Pará, Almir Gabriel, foi contra sua criação, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vetou tal iniciativa. Agora, com a provável entrada em vigor desse decreto até dezembro, alguns madeireiros sentem que perdem excelente oportunidade de extrair madeira predatoriamente e tentam reverter a situação - afirmou Ana Júlia Carepa.

A ação dos madeireiros, declarou, está se dando de forma violenta. Segundo a senadora, até uma reunião do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porto de Moz foi ameaçada com telefonemas anônimos que davam conta de que o local do encontro seria incendiado.

Ana Júlia também disse que o grupo Campos - controlado pelo prefeito de Porto de Moz, Gerson Salviano Campos (sócio proprietário da serraria Cariny), e dois dos seus irmãos, o vereador Rivaldo Salviano Campos e Francimeire Salviano Campos (ambos proprietários da indústria madeireira Maturu) - foi citado seis vezes em um relatório do alto comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) como envolvido em casos de violência e invasão de terras na região.

Na semana passada, acrescentou a senadora, cerca de 20 agentes do Insituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Polícia Federal e do Exército foram mantidos em cárcere privado por várias horas dentro de um hotel em Medicilândia (Pará). O hotel teria sido cercado por mais de 300 madeireiros que protestavam contra a operação desencadeada pelo Ibama para fiscalizar a exploração ilegal de madeira no entorno e no interior da área reivindicada por ribeirinhos de Porto de Moz para a criação da reserva Verde para Sempre.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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