Sindicato abriu clínica coletiva para apoiar professores

Sergio Vieira | 25/04/2017, 09h52

Uma pesquisa feita pelo Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração (Consad) constatou que, em vários estados, a Secretaria de Educação é o órgão que apresenta o maior percentual de servidores públicos afastados por doença. A estatística é liderada pela Secretaria de Educação do Distrito Federal, onde os índices chegam a atingir 58% de profissionais afastados por licença médica ao menos uma vez por ano: mais de 10 mil afastamentos ao ano.

O secretário de Saúde do Trabalhador no Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), Manoel Alves Filho, revela que devido à grande demanda a entidade tomou a iniciativa de prestar assistência psicológica aos docentes para os casos mais graves. Isso porque 80% dos atestados médicos estão relacionados de alguma forma a situações de sofrimento psíquico apresentadas pelos docentes.

O projeto que o Senado analisa pode reduzir os afastamentos de professores?

Manoel Filho — As condições precarizantes do trabalho docente vêm gerando um sofrimento muito grande na nossa categoria. O sofrimento profissional é normal, o problema é quando ele passa a gerar doenças. Temos cerca de 10% dos professores já doentes e 38% em adoecimento, inclusive em estado avançado. Dentro dessa estatística, quase 80% dos casos estão relacionados ao adoecimento psíquico. Se o PLC 76/2011 for efetivado, pode contribuir na promoção da saúde e prevenção de doenças, o que é melhor que tratar o doente.

E essa situação levou o sindicato a efetivar uma parceria com psicólogos?

Sim. Estabelecemos uma psicodinâmica de trabalho buscando diagnosticar e superar essa situação, porque o ambiente escolar se reflete não apenas nos professores, mas também nos alunos e nos pais. Temos uma clínica que intervém nos casos mais graves envolvendo professores já doentes ou em adoecimento. Mas nossa intervenção é sempre coletiva, e relacionada ao ambiente escolar. Deslocamos a equipe de psicodinâmica do trabalho à escola se necessário, a partir de casos que chegam à clínica.

O que provoca mais sofrimento ao professor?

Baixa remuneração, pouco reconhecimento do trabalho e perda da identidade profissional. Mas o que mais causa adoecimento psíquico é a baixa relação democrática no ambiente escolar.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)