Ações sociais do Senado devem servir de modelo para outras instituições

Aline Guedes | 04/09/2018, 10h02

O Plano de Gestão de Logística Sustentável (PGLS), com enfoque nas ações que geram também economia de recursos, está entre os principais avanços sociais do Senado. E vai servir de modelo para outras Casas legislativas do Brasil. Uma versão-modelo do PGLS será concluída em novembro e disponibilizada para as câmaras de vereadores e assembleias legislativas com o objetivo de superar dificuldades ambientais e institucionalizar processos menos danosos ao meio ambiente.

Segundo a diretora do Núcleo de Coordenação de Ações Socioambientais do Senado, Karin Kässmayer, um dos maiores êxitos da Casa é a redução de consumo de copos plástico, com o corte drástico de aquisições e a substituição das compras do material ainda indispensável por copos biodegradáveis. Esses recipientes mais amigáveis são disponibilizados somente para áreas do Senado nas quais seria pouco prático e até mais caro usar copos de vidro, como a das visitas externas.

— O consumo de copos caiu da média mensal de 2.325 pacotes, em 2015, para 314, em 2017. É uma redução de 94%, considerando o custo econômico e, de muito maior importância, quando pensamos nos aspectos ambiental e social — assinala Karin.

Além disso, Karin destaca a diminuição de impressões, por meio da substituição do papel pelos meios eletrônicos, atendendo critérios de sustentabilidade, mesmo com alterações de consumo sazonais devido a eventos como o impeachment.

Karin lembra que o PGLS já está na segunda versão. Redução ainda mais significativa do consumo de impressões está entre as metas a serem implementadas a partir deste mês em todos os setores do Senado. A ideia, explicou, é aprimorar o sistema apelidado de “impressômetro”, que interliga cada impressora a uma central e registra o quanto cada máquina e cada usuário imprimem. Cria-se, assim, uma cultura do não desperdício e do uso dos equipamentos apenas para as necessidades da Casa.

A logística sustentável também atende imposições legais, conforme a diretora do núcleo.

— Temos um grupo de trabalho que atua na orientação do setor de compras, listando itens que atendem critérios de sustentabilidade e que prevejam a logística reversa, que são os procedimentos para reaproveitamento dos materiais. Todas essas ações são desenvolvidas em parceria com órgãos do Senado, como Secretaria de Infraestrutura, Prodasen [Secretaria de Tecnologia da Informação] e outros.

Acessibilidade

Infraestrutura, acesso à informação, mobilidade, gestão de pessoas, educação e acessibilidade são os cinco eixos temáticos do Ato da Diretoria-Geral 4/2018. A inclusão plena das pessoas com deficiência, em condições de igualdade, é elaborada com representantes de diferentes áreas da administração do Senado e de servidores com deficiência. O objetivo é garantir a participação plena e efetiva da pessoa com deficiência no convívio diário com a atividade pública da Casa.

— Adaptação de banheiros, elevadores de acesso, rampa de acesso à Mesa Diretora, empréstimo de cadeira de rodas ou triciclo motorizado a visitantes e funcionários, carro adaptado, vagas nos estacionamentos são algumas ações de sucesso — destaca Karin.

A acessibilidade comunicacional é outra meta prevista no PGLS, já em andamento. Entre as principais ações, está a interpretação de língua brasileira de sinais (Libras), legenda em tempo real e audiodescrição em eventos institucionais; legislação em braile e em Libras; closed caption na TV Senado; acessibilidade no Portal do Senado na internet; e documentos funcionais acessíveis aos servidores com deficiência visual, descrição e imagens nas mídias sociais e cursos a distância.

Karin chama a atenção para a contratação de pessoas com deficiência intelectual para atuação na Biblioteca (na higienização de livros) e o incentivo à contratação de estagiários e aprendizes com deficiência.

—Tudo isso, aliado à transparência, nos coloca no ranking das instituições públicas mais respeitadas do país — salienta a diretora.

A primeira ação inclusiva do Senado data de 1998, com o início das publicações em braile. Desde então, a Casa vem gradualmente adotando planos e incorporando medidas que ampliam os benefícios socioambientais, tanto para o público interno quanto para o externo.

Pró-Equidade

O Senado foi um dos primeiros órgãos públicos a aderirem ao Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, do governo federal. Criado há dez anos, o programa estimula a igualdade no local de trabalho, com ações como linguagem inclusiva nas documentações, licença-maternidade de 180 dias e ampliação da licença-paternidade, além da adequação de uniformes e equipamentos de segurança.

Somente nos últimos dois anos, o programa ajudou a aumentar em quase três vezes o número de mulheres em cargos de chefia no Senado, como informa a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka.

— Na alta direção da Casa, hoje temos mais de 30% de mulheres. Nos cargos de FC-3 e FC-4, estamos na faixa de 35% a 36%. No quadro de comissionados estamos em meio a meio e, dos efetivos, somos 28% de mulheres e 72% homens, o que pretendemos corrigir nos próximos concursos — informou a diretora em entrevista à TV Senado.

Ilana ressaltou que 2% das terceirizadas contratadas pelo Senado são mulheres em situação de vulnerabilidade social. Feitas em parceria com o governo do Distrito Federal, essas contratações são mantidas sob sigilo, para manter a integridade das funcionárias. Outros avanços, segundo a diretora-geral, são a implementação do Programa Mães Nutrizes — que proporciona horário reduzido de trabalho durante 15 meses, inclusive para ocupantes de cargos de direção, com o objetivo de facilitar o aleitamento materno — e o atendimento de cotas de 20% para pretos e pardos nos concursos e contratações de terceirizados, além de 10% de estagiários com deficiência.

— Temos aperfeiçoamentos constantes e tudo isso naturaliza a questão da deficiência e nos faz aprender que a diferença constrói. Já atingimos essas cotas rapidamente no Senado e percebemos que a deficiência, comparada à eficiência que todos nós temos, desaparece — acentuou.

Valorização étnica

A gestora do Programa Pró-Equidade, Maria Terezinha Nunes, destacou ainda as pesquisas de projetos sobre a condição da mulher e as ações de valorização étnica, a exemplo do ensaio fotográfico Mulheres Negras no Senado, cartilhas, fôlderes e oficinas para tratar da equidade.

Ilana informou que a alta administração do Senado continuará investindo em todas essas frentes. Além de prioritárias, a diretora ressaltou que as ações do Senado estão em consonância com as diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU).

— Investir é um desafio que nunca parou e a gente está sempre procurando formas e novas tecnologias para fazer cada vez mais e melhor e de maneira inteligente. O Senado está associado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, até porque o mundo é um só e, ao realizar nossas ações em conformidade com as determinações da ONU, alcançamos uma melhoria constante e conquistamos a cultura da busca pela eficiência — declarou a diretora-geral.

Acesse a infomatéria sobre o plano de gestão sustentável do Senado

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)