A Instituição Fiscal Independente (IFI) revisou nesta quarta-feira (14) a sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 2% para 2,6%. A IFI é um órgão de monitoramento da política fiscal ligado ao Senado.
“Os dados do segundo trimestre e o impacto sobre a renda disponível das medidas de estímulo fiscal concedidas pelo governo sustentam essa perspectiva, mesmo considerando os efeitos negativos da taxa Selic e da desaceleração já em curso nas grandes economias”, afirma no Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de setembro, divulgado hoje.
Para 2023, a estimativa oficial da instituição foi mantida em crescimento de 0,6%. Mas a IFI também traçou um cenário em que há manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600. Nesse caso, a projeção para o crescimento do PIB passou de 0,6% para 1%.
“O aumento da renda disponível compensaria a postura mais contracionista da política monetária”, diz.
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IPCA
A IFI revisou para baixo as suas projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022 e 2023. No caso deste ano, a projeção caiu de 7,2% para 6,4%, já que a “inflação segue recuando após medidas do governo”. Para o ano que vem, a estimativa foi revisada marginalmente, de 5% para 4,9%.
Mas a IFI também traçou um cenário alternativo, em que em 2023 são mantidos tanto o Auxílio Brasil em R$ 600 quanto os cortes de impostos implantados nos últimos meses. Nesse caso, o IPCA terminaria o ano que vem em 4,7%. Isso porque os cortes de impostos diminuíram a inflação em 0,5 ponto percentual, mas o efeito seria “atenuado pela resiliência da demanda agregada sobre a inflação de preços livres”.
Além disso, no segundo cenário “o aumento do risco fiscal eleva o prêmio de risco e as expectativas de inflação no horizonte relevante do Banco Central [para conduzir a taxa básica de juros]”.
Déficit primário
A IFI prevê déficit primário de R$ 51,8 bilhões para o governo central em agosto. Os números foram divulgados hoje e levantados no Portal Siga Brasil. O resultado oficial será publicado no fim do mês pelo Tesouro Nacional.
Segundo a IFI, “o pagamento de sentenças judiciais e precatórios, gastos com a campanha eleitoral e o pagamento feito pela União pelo direito de uso do Campo de Marte” levaram a despesas primárias extraordinárias de R$ 60,1 bilhões no mês passado. Se não fosse esse montante, o governo central teria registrado superávit primário de R$ 8,3 bilhões no mês passado, de acordo com a instituição.
Os números levam em conta Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, mas não consideram os gastos com a dívida pública.