IFI vê dívida bruta subindo em 2022 com alta dos juros

Instituição Fiscal Independente estima que a DBGG sairá de 80,3% do PIB para 84,8% do PIB neste ano

Felipe Salto, da IFI
Felipe Salto é diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado Federal
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Depois de recuar em 2021, a DBGG (Dívida Bruta do Governo Geral) deve voltar a subir em 2022. É o que estima a IFI (Instituição Fiscal Independente), ligada ao Senado.

A DBGG alcançou 88,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020, em meio aos gastos ligados à pandemia de covid-19. Porém, recuou para 80,3% do PIB em 2021.

A IFI estima, no entanto, que a DBGG subirá para 84,8% do PIB em 2022 e continuará crescendo nos próximos anos, chegando a 86,6% do PIB em 2023 e 87,4% do PIB em 2024.

As estimativas da IFI para a DBGG constam no RAF (Relatório de Acompanhamento Fiscal) de fevereiro, publicado nesta 4ª feira (16.fev.2022). Eis a íntegra (3 MB).

“Esse aumento esperado decorre, principalmente, do aumento estimado na conta de juros nos próximos meses, em razão da elevação na taxa Selic. Também contribuirá para o crescimento da dívida, em 2022, a piora esperada para o resultado primário do governo central”, afirmou a IFI.

Os gastos do governo com os juros da dívida pública vêm subindo em decorrência da alta da Selic, a taxa básica de juros. Em 2021, o pagamento de juros somou R$ 448,4 bilhões, o equivalente a 5,2% do PIB. “Despesa de juros do setor público cresceu 1,0 p.p. do PIB em 2021 e deve subir mais ao longo de 2022”, disse a IFI.

A instituição ligada ao Senado ainda projeta um deficit primário de R$ 106,2 bilhões para o governo central em 2022. Diz que a arrecadação de tributos não deve manter o ritmo forte registrado em 2021, quando o rombo das contas públicas foi de R$ 35,1 bilhões. Além disso, fala que as despesas primárias do governo devem se manter “relativamente estáveis, com gastos do Auxílio Brasil substituindo em boa medida a redução nas despesas extraordinárias para enfrentamento da covid-19”.

“O custo médio da dívida mais elevado já afeta também a despesa de juros do setor público, que voltou a subir, como proporção do PIB, desde julho do ano passado. Isso, por sua vez, afetará a trajetória do resultado nominal do setor público nos próximos meses, revertendo a melhora registrada em 2021. A dívida bruta aumentará em 2022”, afirmou a IFI, no RAF.

As projeções da IFI são mais pessimistas que as do governo federal. O Executivo projeta um deficit primário de R$ 79,3 bilhões em 2022 e vê a Dívida Bruta do Governo Geral caindo para 80,1% do PIB.

O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, falou recentemente que “o crescimento do gasto com juros nominais é algo que preocupa”. Porém, disse que “o endividamento não saiu do controle”.

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