O economista João Sayad, que foi ministro do Planejamento no governo José Sarney, morreu neste domingo, 5, aos 75 anos. Ele foi um dos idealizadores do Plano Cruzado, em 1986, uma das tentativas de se combater a hiperinflação que assolou a economia brasileira na década de 1980.
Sayad sofria de câncer e estava internado desde segunda-feira no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. O velório será amanhã também na capital paulista.
O economista era professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), mesma instituição em que se graduou em 1967 e fez mestrado. Em 1973, mudou-se para os Estados Unidos, onde obteve, na Universidade Yale, o PhD em economia.
Além de ministro do Planejamento, Sayad ocupou outros cargos públicos, como o de secretário da Fazenda do Estado de São Paulo na gestão Franco Montoro, secretário municipal de Finanças de São Paulo, no governo de Marta Suplicy, e secretário estadual de Cultura de São Paulo no governo José Serra. Também foi presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura.
No final da década de 1980, fundou, junto com Philippe Reichstul e Francisco Luna, o banco SRL. A instituição foi vendida em 1997 para o americano American Express Bank, movimento que deu origem ao banco Inter American Express.
Em uma rede social, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) afirmou que Sayad era uma das "pessoas mais admiráveis" que conheceu. "Inteligente, bem-humorado, generoso. (...) Que perda enorme!"
O diretor executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Felipe Salto, destacou que Sayad tinha um "espírito público genuíno".
Presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Antonio Corrêa de Lacerda lembrou que Sayad era um "profundo conhecedor'" da obra de Keynes. "Um economista erudito com visão holística da economia."
Nomes ligados à cultura também lamentaram a morte do economista. Crítico de cinema e fundador do festival de documentários É Tudo Verdade, Amir Labaki escreveu que Sayad foi "desses ternos amigos que iluminavam o dia de todas as conversas e desses raros intelectuais que arregaçavam as mangas e agigantavam todos os cargos que assumia".
Para Hubert Alquéres, diretor do Colégio Bandeirantes, membro da Academia Paulista de Educação e da Câmara Brasileira do Livro, o eonomista foi "um excelente secretário da cultura em São Paulo". "Perdemos uma figura pública notável. Inteligente, gentil e focado, adorava música clássica e estar com os amigos da academia.”
Sayad deixa a companheira e duas filhas.