A Instituição Fiscal Independente (IFI) revisou para baixo a sua projeção base para o crescimento da economia em 2022, enquanto a estimativa para este ano foi revisada para cima. De acordo com o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de outubro, divulgado nesta quarta-feira, o órgão de monitoramento da política fiscal ligado ao Senado calcula expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,7% em 2022, contra 2,3% previstos anteriormente. Já a estimativa para a alta deste ano passou de 4,2% para 4,9%.
A revisão para 2022 “decorre da maior alta dos juros necessária para conter o avanço da inflação”. Esse cenário base considera “o arrefecimento da crise sanitária, tendo em conta o avanço do processo de vacinação”, mas não contempla “um quadro de restrições ao consumo de energia”.
Já “a melhora na perspectiva para 2021 é compatível com a incorporação do resultado do PIB do segundo trimestre e com os sinais emitidos pelos indicadores setoriais de alta frequência”. “A elevação de preços de commodities e a recuperação do setor de serviços acompanhando o aumento da mobilidade sustentam uma taxa de expansão mais elevada do que o previsto anteriormente”, afirma.
Dívida bruta
Depois de uma queda no início do ano, a dívida bruta do governo geral deve voltar a subir até o fim de 2021, de acordo com a IFI. A comparação da dívida é sempre feita em relação ao PIB.
No relatório divulgado, a IFI destaca que a inflação tem, até aqui, “contribuído para a queda” do endividamento. Isso porque a alta da trajetória de preços impulsiona, em um primeiro momento, o PIB nominal.
Entre janeiro e agosto deste ano, a dívida cresceu R$ 179,6 bilhões, enquanto o PIB nominal teve alta de R$ 800 bilhões. Além disso, a “inflação alta também ajuda a conter o déficit público no curto prazo”, por meio do aumento da arrecadação tributária. Mas a IFI também alerta que esses ganhos fiscais” são temporários”.
“A persistência da inflação se combinou com uma série de riscos novos para elevar o prêmio exigido pelo mercado na aquisição de títulos públicos”, diz. “Simultaneamente, o Banco Central vem aumentando a meta para a taxa Selic. O resultado é o crescimento das despesas com juros e a provável retomada da trajetória de alta da dívida/PIB até dezembro de 2021.”
No cenário base traçado pela IFI, a dívida bruta deve terminar o ano em 83,3% do PIB, o que representa alta de 0,6 ponto percentual em relação a agosto (82,7%). O número seria 5,5 pontos percentuais menor do que o registrado no fim de 2020 (88,8%), mas estaria 9 pontos percentuais acima do patamar do fim de 2019 (74,3%).
Nos cenários otimista e pessimista, por sua vez, as projeções para a dívida no fim deste ano são de 83,1% e 83,4%.
Para 2030, nos cenários otimista, base e pessimista, a IFI calcula que o indicador alcançará, respectivamente, 62,5%, 87,3% e 122,3%.
“Para estabilizar a dívida/PIB, a médio prazo, será preciso um superávit ao redor de 1% do PIB”, diz, destacando que “os riscos fiscais continuam presentes, sobretudo na discussão dos precatórios, com impacto sobre o teto de gastos, a credibilidade da política fiscal e os juros”.