Mudanças ministeriais podem melhorar governabilidade, diz mercado

Após superar R$ 5,80 durante o pregão, dólar fecha a R$ 5,77

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São Paulo

Depois de ir a R$ 5,8060 durante o pregão com preocupações sobre o Orçamento de 2021, o dólar perdeu força e fechou a R$ 5,7670 nesta segunda-feira (29), alta de 0,47%. O turismo está a R$ 5,913.

Investidores avaliam que as mudanças ministeriais promovidas pelo governo nesta segunda podem funcionar como um aceno ao centrão e aos comandos do Congresso, melhorando a governabilidade.

cédulas de dólar
Durante o pregão desta segunda (29), dólar chegou a R$ 5,8060 - Jorge Araújo / Fotos Públicas

O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, foi substituído pelo chefe da Casa Civil, Braga Netto. Para a Casa Civil, foi deslocado o general Luiz Eduardo Ramos, que estava na Secretaria de Governo.

A deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) assume a vaga de Ramos, em um aceno de Bolsonaro ao bloco do centrão na Câmara, base de sustentação do presidente na Casa.

Bolsoanaro ainda anunciou Anderson Gustavo Torres, secretário da Segurança do DF, como ministro da Justiça no lugar de André Mendonça, que volta para o comando da Advocacia-Geral da União no lugar de José Levy.

Por último, foi confirmado o nome de Carlos Alberto Franco França no Itamaraty na vaga de Ernesto Araújo.

"A saída de Ernesto Araújo era esperada. A saída do ministro da Defesa surpreendeu. Aumenta a incerteza. Já perdi a conta de quantos ministros saíram", diz Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos.

Apesar de elevar a incerteza, a expectativa no mercado é que as trocas melhorem a ponte com o Congresso –as mudanças ocorreram após pressão do centrão.

O Ibovespa encerrou o pregão em alta de 0,55%, a 115.418,72 pontos.

Ruídos recentes entre Executivo e alguns parlamentares trouxeram à tona novamente citações de impeachment, num momento em que a liderança da Câmara dos Deputados estaria irritada com a má repercussão em torno do texto do Orçamento enviado pelo governo e aprovado posteriormente pela Casa.

O projeto de Orçamento de 2021, aprovado na semana passada pelo Congresso, prevê uma redução nos gastos com auxílio-doença contando com mudanças nas regras do benefício que não foram combinadas com o time do ministro Paulo Guedes (Economia).

Esta é uma das manobras fiscais no projeto para elevar emendas parlamentares. Segundo o IFI (Instituição Fiscal Independente), o texto atual extrapola o teto de gastos em R$ 31,9 bilhões.

"Há uma preocupação muito grande do mercado com o teto de gastos. Seria importante rever as despesas obrigatórias e as emendar parlamentares do Orçamento", afirma Bertotti.

Ele também cita a piora na pandemia de Covid-19 no Brasil como um dos motivos para a desvalorização do dólar.

Com o aumento de casos e de restrições, a confiança no setor de serviços medida pela FGV caiu 6,7% em março, para 77,6 pontos, menor nível desde junho do ano passado (71,7 pontos).

"Naturalmente, o atraso verificado na campanha de vacinação também se fez sentir sobre a confiança, pois foi justamente este atraso que contribuiu para acelerar a taxa de contágio local", diz relatório da Guide Investimentos.

Segundo o Goldman Sachs, a qualidade do crédito, que tem subido, começa a se deteriorar. Na Bolsa brasileira, o Santander se desvalorizou 2,93% na sessão. Itaú teve leve queda de 0,04%, e Bradesco subiu 0,41%.

Já a Vale teve alta de 2,56%, na esteira do avanço dos futuros do aço e do minério de ferro na China, beneficiados por margens de lucro atrativas na indústria e demanda crescente nos setores de construção e manufaturados. Bradespar, um dos mairoes acionistas da mineradora, subiu 4,45%.

Taesa avançou 6,37%, tendo no radar que a estatal mineira Cemig trabalhará para concluir ainda em 2021 uma operação para vender sua participação na transmissora de energia elétrica, da qual é um das controladoras. Cemig subiu 2,98%.

Minerva subiu 6,51%, de modo a reduzir o diferencial em relação a suas pares no Ibovespa, que acumulam ganhos mais robustos em março, como Marfrig, que contabiliza alta de mais de 26% no acumulado do mês, contra elevação de menos de 8% de Minerva.

Fora do Ibovespa, a Oi teve alta de 5%, após divulgar lucro de R$ 1,8 bilhão no quarto trimestre, ante prejuízo de R$ 2,28 bilhões um ano antes, resultado beneficiado por crédito fiscal, enquanto a receita caiu.

O petróleo também subiu. O barril do Brent (referência internacional) fechou em alta de 0,63%, a US$ 64,68.

"O mercado está deixando para trás o canal de Suez e passando a se concentrar na reunião da Opep+, para a qual recebemos fortes indicações de que os cortes de produção serão prorrogados", disse Phil Flynn, analista sênior do Price Futures Group em Chicago.

Com a alta da matéria-prima, as ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras subiram 1,58%. Nesta segunda, a companhia informou que demitiu o gerente executivo de Recursos Humanos, Claudio Costa, sem justa causa.

Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 teve leve queda de 0,09%. Dow Jones subiu 0,30% e Nasdaq caiu 0,60%.

(Com Reuters)

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