O Ibovespa ensaia uma leve alta no começo da tarde desta segunda-feira, em um movimento sustentado por ações ligadas a commodities metálicas. Vale e siderúrgicas avançam, praticamente, em bloco hoje após firme alta do minério de ferro e destoam de boa parte dos segmentos do índice, que continuam sofrendo com cautela no cenário macroeconômico.
Às 15h15, o Ibovespa tinha alta de 0,33%, aos 115.155, tendo oscilando numa faixa estreita de 115.553 pontos e 114.096 pontos ao longo do pregão. O giro financeiro hoje é relativamente modesto e marcava R$ 13,5 bilhões, com projeção de chegar a R$ 18,969 bilhões no fim do dia.
Dentre os principais motores do avanço está o setor de mineração e siderurgia. Vale ON subia 2% e Bradespar PN - que é acionista da mineradora - ganhava 4,70%. Na mesma linha, CSN ON aumentava 3,22%, Gerdau PN avançava 1,54% e Usiminas PNA registrava estabilidade.
O movimento se apoia na recuperação de mais de 4% do minério de ferro na China, após dias de queda e de instabilidade. A alta teve suporte nos preços mais firmes do aço no mercado chinês e margens mais saudáveis para siderúrgicas. Assim, as preocupações com a demanda começam a diminuir.
Outro segmento que também se beneficia do comércio exterior mais positivo é de proteínas. Hoje, Marfrig ON avançava 3,21% e Minerva ON ganhava 5,80%. “Existe uma demanda forte da China e isso gera expectativa positiva sobre um desempenho mais duradouro para o setor. A perspectiva é de que, mesmo com a reconstituição do rebanho chinês, vamos continuar vendo esses frigoríficos gerando caixa”, afirma o analista Henrique Esteter, da Guide, ao citar a melhora global de demanda nos EUA por causa da perspectiva de retomada da atividade e a vacinação, além do câmbio brasileiro depreciado.
Por outro lado, o dia no mercado brasileiro é marcado também por queda em setores mais sensíveis ao ciclo econômico local. É o caso das empresas do mercado imobiliário, energia e parte do setor de varejo. O grande motivo de cautela, dizem profissionais de mercado, é o rumo das contas públicas após apresentação do Orçamento. Nos cálculos das Instituição Fiscal Independente (IFI), deve estourar o teto de gastos para o ano em mais de R$ 30 bilhões.
“O cenário ainda é delicado, tem seguidas ameaças ao teto. Por isso, precisamos ir vivendo de episódio em episódio”, afirma um gestor. Ele aponta que circulam informações de que o senador Marcio Bittar está sendo cobrado a corrigir ainda hoje excessos de emendas no orçamento.
Para o estrategista Enrico Cozzolino, da Daycoval, o que aliviou o mercado no começo da tarde foi o ambiente externo, com o dólar saindo das máximas. “O movimento negativo tem a ver com a questão o Orçamento. Fica a impressão que estão procurando maneiras para flexibilizar o teto de gastos sem quebrar a lei. Esse valor de 115 mil pontos reflete bem essa cautela”, diz o profissional, ao lembrar que, no começo do ano o Ibovespa superou 125 mil pontos.
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