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Por Fabio Graner — De Brasíila


Felipe Salto, diretor da Instituição Fiscal Independente: “A pandemia mantém o grau de incerteza elevado” — Foto: Dênio Simões/Valor
Felipe Salto, diretor da Instituição Fiscal Independente: “A pandemia mantém o grau de incerteza elevado” — Foto: Dênio Simões/Valor

A Instituição Fiscal Independente (IFI) calculou que o ritmo diário de vacinação está em torno de 665 mil doses, considerando-se um indicador de média móvel de 7 dias. “O ritmo de aplicações ao dia (primeira e segunda doses) vem desacelerando desde o fim de abril, quando atingiu o pico de 1 milhão, aproximadamente. Atualmente situa-se ao redor de 665 mil (dados do dia 14 de maio)”, diz o relatório de acompanhamento fiscal divulgado ontem pela entidade.

Segundo o documento, o número de pessoas completamente vacinadas corresponde a 8,9% da população. “Até o momento, o número total estimado de pessoas que receberam a primeira dose de uma das vacinas que estão em uso (Coronavac, Oxford/ AstraZeneca ou Pfizer / BioNTech) chegou a 38,3 milhões (o equivalente a 18% da população). Levando-se em conta as pessoas completamente vacinadas, que receberam a segunda dose de uma das vacinas disponíveis, o número é de 19 milhões”, registra o documento.

Na visão da entidade ligada ao Senado, as incertezas quanto à evolução da pandemia e ao ritmo de vacinação necessário para a imunização da população contra a Covid-19 e a reabertura ampla e segura da economia adicionam ainda muitas dúvidas ao comportamento prospectivo da atividade econômica. Por isso, a IFI manteve em 3% sua projeção de crescimento para o PIB neste ano, apesar de mercado e governo estarem melhorando seus números.

A Fundação Getulio Vargas em seu Monitor do PIB calcula que a economia encolheu 2,1% em março, na comparação com fevereiro, e cresceu 1,7% no primeiro trimestre em relação ao quarto do ano passado. “O desempenho positivo da economia no primeiro trimestre, comparado ao quarto de 2020, surpreendeu. Este crescimento foi observado tanto nos três grandes setores de atividade, quanto nos componentes da demanda. No entanto, na comparação mensal, o fraco desempenho de março, frente a fevereiro mostra a fragilidade deste crescimento dado o acirramento das medidas de isolamento social em diversas cidades brasileiras”, disse o coordenador da pesquisa, Claudio Considera.

Para a IFI, uma surpresa positiva no PIB do primeiro trimestre e a confirmação de um melhor desempenho dos indicadores de atividade ao longo do segundo, em um contexto de recuperação da economia mundial e de elevação dos preços de commodities, são fatores que poderiam ajustar para cima a projeção do PIB de 2021.

O diretor-executivo da IFI, Felipe Salto, reforçou ao Valor que o principal risco hoje envolvendo a trajetória da economia é o ritmo de vacinação e os desdobramentos da doença, que determinam o comportamento dos governos estaduais em relação ao funcionamento das atividades econômicas. Ele afirma que o primeiro trimestre foi bem, mas há muita incerteza envolvendo o trimestre em andamento e no segundo semestre.

“Se fosse um ano normal, depois de uma recessão, os sinais coletados até aqui já nos levariam a revisar o PIB para cima no base. Mas a pandemia mantém o grau de incerteza elevado, o que nos levou a incorporar um crescimento maior apenas no cenário otimista da IFI”, disse Salto. No cenário otimista, a IFI enxerga possibilidade de o PIB crescer 4% e no pessimista, 2,1%.

Apesar de manter o PIB real projetado, a IFI elevou sua projeção de inflação de 3,6% para 5,1% neste ano. Com isso, a estimativa de PIB nominal também teve elevação, para R$ 8,1 trilhões, com variação nominal de 8,8% - ante 7,3% na estimativa de fevereiro.

O maior volume de PIB nominal aumentou em R$ 9,8 bilhões a projeção de receitas, também favorecida pela estimativa de devolução para os cofres públicos de recursos pagos indevidamente no auxílio emergencial em 2020. “Segundo consta no portal da RFB, a previsão é de recebimento de três milhões de declarações de ajuste anual com devolução do auxílio-emergencial [...] A soma resultante é de R$ 16,9 bilhões, quantia incorporada na estimativa da IFI para a receita do imposto de renda e, consequentemente, nas receitas administradas em 2021”.

No lado das despesas, a estimativa da IFI é de alta de R$ 44 bilhões, já com as medidas que estão sendo acionados para enfrentar a segunda onda da pandemia, para um total de R$ 1,62 trilhão. Dessa forma, a IFI chega em uma projeção de déficit primário de R$ 266,6 bilhões para este ano. A IFI reduziu de 92,7% para 91,3% do PIB a estimativa para a dívida bruta.

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