Brasil
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Por Fabio Graner — De Brasília


Como já se tornou rotina, o presidente Jair Bolsonaro cometeu uma grande impropriedade ao dizer que o Brasil está “quebrado”. Ele usou uma força de expressão e quis passar uma mensagem política de que não pode, pelo menos neste momento, cumprir uma de suas promessas de campanha, a correção da tabela do Imposto de Renda Pessoa Física. Mas, para facilitar sua comunicação, acabou falando algo que não é correto e que, no cargo de maior responsabilidade que ocupa, não deveria ter sido dito. Se tivesse mais credibilidade, poderia gerar sérios problemas para os gestores da economia e da dívida do país.

“Quebrado significa que o país não consegue financiar seu déficit e nem rolar [refinanciar] sua dívida. Não chegamos a esse ponto”, disse ao Valor o diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), Josué Pellegrini. “Isso não quer dizer que não estamos em uma situação delicada. Estamos. A dívida subiu muito, o déficit é alto, estamos em uma situação muito delicada, de aperto e sem margem para nada”, acrescentou o economista.

Ele concorda que não é possível no momento fazer correção do imposto de renda em meio a tantas demandas e um quadro de gastos que tem dificuldade para se ter cortes em outras áreas.

O economista Manoel Pires, que comanda o Observatório de Política Fiscal da FGV, também descarta a tese de que o país estaria quebrado. “Tecnicamente isso significa o país estar insolvente. Nós não chegamos nem perto disso, mesmo com algumas dificuldades que o Tesouro teve para emitir títulos ao longo do ano passado”, explicou ele, destacando que isso não ocorreu também nos anos de crise em 2015/2016.

Para Pires, Bolsonaro usou de um artifício de comunicação para dizer que não poderia fazer algo que prometeu, porque terá um custo fiscal elevado (de alguns bilhões em renúncia de receita) e o país tem pouco espaço de ação para tantas demandas, como a de continuação do auxílio emergencial, além do fato de o governo ter aportado recursos em outras prioridades, como no setor militar.

Ex-secretário de Política Econômica da Fazenda, Pires destaca que a questão atual em termos fiscal é de risco de insustentabilidade da dívida, que implicaria em juros maiores cobrados pelos investidores. Nesse sentido, ele reconhece que o país tem uma situação mais delicada no campo fiscal e que é preciso cuidar para levar a dívida a uma percepção de sustentabilidade.

Uma outra fonte, que pediu anonimato, destaca que, apesar de equivocada, a fala de Bolsonaro é um “exagero” e que é bom “que ninguém do mercado o leva a sério”, tanto que não houve efeito nos preços de ativos. A bolsa e o dólar, que tiveram desempenho muito ruim de manhã, até reverteram parte do mau humor à tarde.

Ainda que nesse caso seja positivo o mercado não ter dado atenção para a fala presidencial, é uma pena o país estar em uma situação no qual o mandatário da nação joga tantas palavras sem se preocupar com os riscos que termos mal colocados podem gerar. Dizer que um país está quebrado poderia eventualmente contribuir para ajudar a quebrá-lo, agravando a já bastante delicada situação em que a economia se encontra.

Mas se Bolsonaro diz “E daí?” para mais de uma centena de milhares de mortes por covid-19, não se deve esperar mesmo muito cuidado quando ele fala de contas públicas. Melhor é olhar com lentes de aumento cada vez mais potentes as suas decisões, como a criação de mais uma estatal, a proteção ao salário e aposentadoria de militares e o fim do auxílio emergencial, para tentar entender para onde ele pretende levar o Brasil.

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