A percepção de risco pelos mercados afeta os cenários macroeconômicos e pode ter implicações fiscais, disse nesta segunda-feira o diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), Felipe Salto, durante divulgação de relatório com projeções econômicas.
Ele foi questionado sobre a influência das decisões do presidente Jair Bolsonaro na direção de maior intervenção na economia, como o anúncio de que pretende trocar o comando da Petrobras, e os impactos disso sobre as projeções para a economia. Salto evitou fazer avaliações sobre as decisões políticas, mas afirmou que a incerteza e a falta de transparência são prejudiciais à economia. “É preciso esperar para ver os próximos acontecimentos”, disse.
Faltou transparência também na decisão de zerar o PIS-Cofins sobre combustíveis, comentou. A IFI calcula que a medida adotada sobre o diesel terá um custo entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. É um valor que pode parecer pequeno em termos absolutos, mas tem peso quando se considera que as projeções de despesa estão no limite para o cumprimento da regra do teto de gastos.
Salto afirmou que há espaço na projeção de receitas do governo e que provavelmente o dado que consta da proposta do Orçamento de 2021 será revisto para cima, em função da inflação mais alta e porque o pagamento de alguns tributos diferidos em 2020 ficou para este ano. Dessa forma, aparentemente há condições de acomodar a renúncia da redução a zero do PIS-Cofins. No entanto, comentou, nada disso foi dito pelo governo, o que contribui para alimentar incertezas.