A Instituição Fiscal Independente (IFI) revisou para 3% sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2021, em relatório divulgado nesta segunda-feira. Para 2020, a estimativa é queda de 4,5%.
A projeção para as receitas líquidas passou de R$ 1,311 trilhão para R$ 1,333 trilhão. As despesas, por sua vez, deverão ficar em R$ 1,580 trilhão, R$ 51 bilhões acima do projetado no relatório anterior, divulgado em novembro.
A projeção para o déficit primário ficou em R$ 247,1 bilhões. No cenário base, o resultado primário está estimado em –2,92% do PIB e o resultado nominal, em –7,29% do PIB.
Para 2021, a dívida bruta do governo geral está projetada em 92,7% do PIB no cenário básico, 91% no cenário otimista e 94,1% no cenário pessimista. O risco de rompimento do teto de gastos é moderado, assim como o risco de descumprimento da meta de resultado primário.
A IFI reviu para cima, de 2,5% para 3,5%, a projeção para a taxa Selic em seu cenário básico. A estimativa para o IPCA foi elevada de 3,1% para 3,6%. Já a taxa de desemprego recuou levemente, de 16,1% para 14,1%.
Gastos com covid e auxílio emergencial
Os gastos do governo com eventual extensão do auxílio emergencial serão de R$ 34,2 bilhões, segundo estimativas da entidade ligada ao Senado.
A projeção considera o pagamento de quatro cotas de R$ 250,00 a 45 milhões de beneficiários, que seria o cenário básico.
No cenário otimista, seriam 35 milhões de pessoas atendidas, com quatro cotas de R$ 250,00, a um custo total de R$ 24,2 bilhões. No pessimista, seriam 50 milhões de beneficiários e seis cotas de R$ 250,00, o que elevaria a conta a R$ 58,7 bilhões.
Os totais estimados não consideram o que já seria gasto com o pagamento do Bolsa Família: R$ 2,7 bilhões ao mês, para 19,2 milhões de beneficiários.
Estão previstos mais R$ 20 bilhões em gastos com vacinas e R$ 10 bilhões em outros itens relacionados ao combate à pandemia.
Risco de contração no 1º tri
É possível que o PIB apresente contração no primeiro trimestre de 2021 na comparação com o trimestre anterior na série com ajuste sazonal, aponta o relatório da IFI divulgado hoje. O motivo são os efeitos, sobre o consumo de bens e serviços, da segunda onda da pandemia e do fim do auxílio emergencial.
O cenário econômico também levou a IFI a alterar uma hipótese de seu cenário fiscal. A recuperação das receitas como proporção do PIB, antes prevista para ocorrer de forma imediata a partir de 2021, foi trocada por uma trajetória de recuperação gradual. Dois motivos principais levaram a isso: a retomada está concentrada em alguns setores, como indústria e comércio varejista, e há “elevadas incertezas com respeito à manutenção dessa recuperação no presente ano.”