Economia Brasília

Pela primeira vez em três meses, dívida pública recua e chega a 89,1% do PIB

Governo projeta que indicador termine ano em 87,2% do PIB. O dado é acompanhado de perto pelo mercado financeiro para medir a capacidade de o país pagar seus credores
A relação dívida/PIB deixou o maior patamar da história, registrado em fevereiro Foto: Jorge William / Agência O Globo
A relação dívida/PIB deixou o maior patamar da história, registrado em fevereiro Foto: Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA — Pela primeira vez em três meses, a dívida pública brasileira diminuiu e chegou a 89,1% do PIB em março, de acordo com as estatísticas divulgadas pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira. Nos nos dois meses anteriores, a dívida bateu recorde de alta sucessivos. Em fevereiro, chegou a 90% do PIB.

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De acordo com o BC, a diminuição em março aconteceu principalmente devido a um resgate líquido da dívida e ao efeito do crescimento do PIB nominal. O superávit de R$ 5 bilhões do setor público no mês também contribuiu.

A redução neste mês quase compensou o aumento do endividamento no ano todo. No acumulado de 2021, o crescimento da relação dívida/PIB é de 0,2 ponto percentual até março.

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A previsão do governo é que a dívida termine o ano em 87,2%. Já a Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado, projeta a relação dívida/PIB em 92,7% do PIB ao final de 2021.

Paulo Duarte, economista-chefe da Valor Investimentos, ressalta que a queda em março deve ser pontual e a trajetória da relação dívida/PIB é ascendente para os próximos anos. Ele destaca que o mais importante não é o estoque da dívida, mas sim a trajetória e o esforço que é feito para controlá-la.

— O Japão, por exemplo, tem uma relação dívida/PIB acima de 200% e mesmo assim os agentes econômicos continuam querendo financiar o governo japonês, a mesma coisa acontece com o governo americano. São economias que no momento de fazer as escolhas difíceis, normalmente eles fazem esse movimento. A dificuldade no Brasil é que os ajustes demoram, não são feitos no momento em que tem que ser feitos — exemplificou o economista.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, disse que o resultado de março é positivo, mas não é um quadro que vai se repetir nos próximos meses. De acordo com a analista, ainda há muita incerteza no cenário econômico, principalmente em relação aos gastos e à retomada da economia por conta dos efeitos da pandemia.

— A gente tem muitos fatores em aberto, o controle da pandemia é um dos principais. Se não conseguirmos controlar e avançar no programa de vacinação nada impede que a gente tenha um recrudescimento no processo de abertura da economia e a necessidade de repente de mais políticas assistencialistas para a população — disse.

A estatística considera a dívida pública bruta, que compreende o governo federal, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e os governos estaduais e municipais. O dado é acompanhado de perto pelo mercado financeiro para medir a capacidade do país de pagar suas dívidas, o chamado nível de solvência.