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Após ganhos, Bolsa fecha com queda superior a 2%; dólar fica em R$ 5,19

Apesar do resultado negativo, B3 conseguiu ter um pregão de estabilidade; moeda americana tem nova escalada e chegou a ser cotada a R$ 5,21 na máxima do dia

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Por Redação
Atualização:

A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, teve um pregão de estabilidade nesta terça-feira, 31, apesar de ter fechado com perda de 2,17%, aos 73.019,76 pontos. Já o dólar manteve a escalada dos últimos dias e tornou a subir, terminando o dia cotado a R$ 5,19, uma alta de 0,31%.

O Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, abriu de maneira estável, aos 74 mil pontos. Na maior alta do dia, às 12h44, a Bolsa bateu nos 75.486,55 pontos. Apesar de não ter continuado com o movimento de alta da última segunda-feira, 30, a B3 conseguiu evitar maiores perdas - mesmo ficando no negativo. Vale lembrar que na semana passada, a Bolsa brasileira ficou a 5% de perder os 60 mil pontos. A situação no mercado brasileiro começou a se deteriorar com o crise mundial causada pelo novo coronavírus, cujos números continuam alarmantes em todo o mundo.

Dólar Foto: Reuters

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Já o dólar iniciou as negociações em alta. Nos primeiros minutos do pregão, a moeda americana voltou a atingir o patamar de R$ 5,20, valor que não era alcançado desde o dia 19 de março. Na parte da tarde, às 15h23, ela atingiu sua cotação máxima, sendo negociada a R$ 5,21.

Vale lembrar que o mercado chegou a ficar otimista na última quinta-feira, 26, quando a moeda americana fechou cotada a R$ 4,99 - um alívio no patamar dos R$ 5. No entanto, já na sexta-feira, 27, a moeda tornou a subir e desde então tem tido uma nova escalada. Na última segunda-feira, 30, ela terminou o dia sendo negociada a R$ 5,18.

Cenário local

O mercado brasileiro ainda espera que Jair Bolsonaro sancione o auxílio de R$ 600 que será dado a trabalhadores informais, intermitentes e MEIs. Segundo o presidente, o benefício deve ser aprovado nesta terça. Na noite da última segunda, a hashtag #PagaLogoBolsonaro ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter.

A pressão também continua por parte da Câmara dos Deputados, que deu até quarta-feira, 01, para que o governo envie ao Congresso, as propostas para evitar demissões em massa diante da crise provocada pelos efeitos financeiros da covid-19. Quem já se moveu nesse sentido foi o Banco Central, que trabalha em uma MP para amparar os lojistas que trabalham com cartões, para garantir que eles recebam os dinheiros das vendas, mesmo em caso de paralisação.

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Outro foco de atenção é o perceptível incômodo de Bolsonaro com o protagonismo de seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que voltou a mandar a população seguir as orientações dos Estados na condução das ações de combate ao coronavírus, contrariando o discurso do presidente que rejeita as quarentenas. À noite, o presidente reafirmou em entrevista à Rede TV! que "não pode impor isolamento, como alguns Estados fizeram" e que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem a expectativa de que a economia brasileira se recupere da crise em até um ano.

Já o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, pediu à Procuradoria-Geral da República que se manifeste sobre uma ação movida pelo deputado federal petista Reginaldo Lopes. O parlamentar quer enquadrar o presidente no artigo 268 do Código Penal, que consiste em infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa. O crime tem pena de um mês a um ano.

Contexto internacional

O dia começou com dados positivos relacionados à China. Números oficiais mostraram que o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial subiu de 35,7 em fevereiro, para 52 em março, superando a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam alta a 51,5. Já o PMI de serviços chinês avançou de 29,6 para 52,3 no mesmo período - o que indica uma nova expansão do mercado, no 'pós-coronavírus'. Também ajudou no humor do mercado, as novas medidas em estudo pelo país, que incluem o corte de impostos, para ajudar as exportadoras.

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Já nos Estados Unidos, a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, disse que deve ser elaborada em breve, uma nova legislação com "apoio substancial" aos governos estaduais e municipais, que poderá ser votada depois da Páscoa. Já o presidente Donald Trump anunciou possíveis novas medidas para a da infraestrutura, o que ajudou a valorizar papéis de construtoras e empresas do setor aéreo. Vale lembrar que na noite da última segunda, 30, o governo dos EUA disse que concederá subsídios e empréstimos às companhias aéreas que estiverem sendo afetadas pelo vírus.

Ações parecidas também serão tomadas na França. O país já está permitindo que companhias aéreas adiem o pagamento de impostos com vencimento até dezembro deste ano, para 2021. As medidas vem no momento certo, já que o continente europeu começa a dar sinais de desaceleração. Segundo dados preliminares da União Europeia, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), subiu 0,7% na comparação anual de março, desacelerando fortemente em relação ao aumento de 1,2% observado em fevereiro. 

Nesse cenário, o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido ficou estável do terceiro para o quarto trimestre de 2019 e subiu 1,1% na comparação anual. O resultado, no entanto, ainda não leva em consideração os efeitos do novo coronavírus na economia local. Já na Espanha, o crescimento foi de 0,4% na margem e de 1,8% de outubro a dezembro do ano passado, ante os mesmos meses de 2018.

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Petróleo

Em meio ao caos causado pelo novo coronavírus - e também pela guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita, a commodity fechou sem direção única nesta terça. O WTI para maio, referência no mercado americano, fechou em alta de 1,94%, a US$ 20,48 o barril. Já o Brent para junho, referência no mercado europeu, recuou 0,26%, a US$ 26,35 o barril.

Com os resultados, o petróleo teve seu pior trimestre da história. No acumulado, o WTI perdeu mais de 54% de seu valor ao longo de março e mais de 66% neste trimestre. O mesmo aconteceu com o Brent, que recuou 66% no trimestre e mais 55% em março. Vale lembrar que na segunda, os contratos haviam atingido mínimas desde 2002, com o WTI chegando a ser negociado abaixo de US$ 20 o barril.

Bolsas do exterior

Na Ásia, o dia foi de ganhos - e também de recuperação. Na China, o Xangai Composto teve leve alta de 0,11% e o Shenzhen Composto subiu 0,51%. Em outras partes do continente, o Hang Seng avançou 1,85% em Hong Kong, enquanto o sul-coreano Kospi subiu 2,19% em Seul. Já o Taiex registrou ganho de 0,82% em TaiwanA exceção foi o mercado japonês. O índice Nikkei caiu 0,88% em Tóquio, pressionado por papéis financeiros e de montadoras. Na Oceania, a Bolsa australiana também ficou no vermelho, perdendo força nas duas últimas horas do pregão depois de subir 3,3%. Como consequência, o índice S&P/ASX 200 recuou 2,02% em Sydney.

A Bolsa de Londres subiu 1,95%, enquanto em Frankfurt, os ganhos foram de 1,90%. A Bolsa de Madri encerrou o dia em alta de 1,88%, assim como Paris, que teve ganhos mais modestos, de 0,40%. A Bolsa de Milão avançou 1,06% e Lisboa terminou com ganhos de 2,17%.

No entanto, o dia foi de perdas para as Bolsas de Nova York. O Dow Jones recuou 1,84%, o S&P 500 teve perdas de 1,60% e o Nasdaq caiu 0,95%. Com os resultados desta terça, o Dow Jones bateu um novo recorde negativo e registrou seu pior trimestre desde 1987 - neste ano, o índice registrou uma queda de 22,6%, uma das maiores da história dos Estados Unidos./ SILVANA ROCHA, LUCIANA XAVIER, SERGIO CALDAS, FELIPE SIQUEIRA E MAIARA SANTIAGO.

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