A questão social como prioridade

24 de julho de 2020 às 0h09

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Crédito: REUTERS/Sergio Moraes

Sebastião Alvino Colomarte*

Neste momento delicado pelo qual estamos passando no Brasil, devido aos impactos perversos da pandemia do Covid-19, a questão social deveria ser uma das prioridades de qualquer projeto de governo. Entretanto, o que se vê hoje é um total distanciamento entre as esferas de governos federal, estaduais e municipais, com bate-boca de todos os lados e sem convergência de ações efetivas para combater o problema.

A população mais carente é a que mais sofre neste cenário, pois o problema social só aumenta, principalmente com o agravamento da crise econômica e as demissões em massa. A taxa de desemprego deve chegar a 14,2% ao fim de 2020, segundo cálculos da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, sendo que esse percentual era de 11,9% no ano passado, segundo dados do IBGE.

Milhares de empregos continuam sendo ceifados durante este período pandêmico, postos de trabalho, aliás, já ameaçados na fase pré-pandemia. O número de desempregados no País só tende a aumentar e as ações emergenciais mais exigidas no cenário são de caridade, pois as ações de assistência social não serão suficientes para o atendimento das necessidades mais urgentes da população.

Para diferenciarmos a caridade da assistência social, destacamos o trabalho que realiza o Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais por meio da parábola bíblica do pescador. A nossa instituição se dedica à preparação de jovens para que estejam em condições de “pescar”, serem suficientemente capazes de produzir.

Assim, foram beneficiados quase meio milhão de jovens com oportunidades de estágio e aprendizagem. Esse resultado não teria sido obtido se simplesmente tivéssemos oferecido “o peixe temperado e frito” por caridade.

Sabemos que há uma deplorável desigualdade social no País e a população mais carente fica à mercê de uma espera angustiante diante de tanta miséria. O que vemos hoje retratado pela imprensa comprova esse fato. Há um clamor geral das ruas daqueles que precisam de socorro.

Mas, infelizmente, o que se vê, e o que se ouve, são conversas jogadas ao vento vindas autoridades de todos os níveis. São discursos evasivos e sem conteúdos. Ao invés de somar, os políticos estão dividindo, pensando mais em suas próprias reeleições do que nas aspirações da população carente, incluindo os nossos jovens que representam o futuro da nossa nação. Manobras tentam deslocar o foco na saúde e na questão social, onde os problemas se avolumam.

Caso não haja uma convergência urgente de ações, além do Covid-19, infelizmente, a fome e a violência podem matar muito mais pessoas. É necessário enfrentar a realidade atual em conjunto, caso contrário, a população carente desassistida e a mendicância nas ruas só tendem a aumentar.

É preciso união de todos para enfrentar esta pandemia que afeta toda a humanidade. No Brasil, será necessário e urgente rever as linhas de atuação social, descartando fórmulas de diversas tendências ideológicas e políticas. É preciso cuidar bem de nosso povo.

*Professor e diretor-presidente do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais (CIEE/MG)

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