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    Dívida pública deve passar de 100% do PIB em 2030, segundo a IFI

    Os cálculos da IFI dão conta de que a atividade econômica pode cair 2,2% este ano em um cenário base. Na estimativa pessimista, o tombo pode ser de 7%

    A Instituição Fiscal Independente do Senado ainda prevê uma retração de 2,2% no PIB deste ano, mas a redução pode chegar a 7%
    A Instituição Fiscal Independente do Senado ainda prevê uma retração de 2,2% no PIB deste ano, mas a redução pode chegar a 7% Foto: Bruno Domingos/Reuters (15.out.2010)

    Thais Herédiada CNN

    O gasto público vai alcançar patamares nunca vistos na história recente do Brasil. Para dar conta de ajudar trabalhadores, empresários, estados e municípios, além de manter o sistema de saúde operacional, o governo federal terá que se endividar em níveis jamais pensados. A relação dívida/PIB, parâmetro de solvência de um país, vai passar dos 100% em até 10 anos, segundo relatório da Instituição Fiscal Independente, IFI, divulgado nesta segunda-feira. 

    “Não dá pra dizer que não é um cenário preocupante, até porque nós saímos de um cenário de estabilização da dívida até 2024, ainda num nível alto, perto de 80% do PIB.. Agora, a dívida cresce sem parar até 2030. Pela trajetória que nós projetamos, lá por 2033 a estabilização pode voltar. É um quadro chocante, ter um aumento sistemático da dívida” disse em entrevista exclusiva ao CNN Brasil Business, Felipe Salto, diretor executivo da IFI. Assista abaixo:

    Os cálculos da IFI dão conta de que a atividade econômica pode cair 2,2% este ano, num cenário base. Na visão extrema, com paralisação por até 22 semanas e queda da atividade de 85% neste período, o PIB poderá cair até 7% em 2020. O único ente capaz de gastar, teoricamente sem limite, para tentar minimizar o estrago que a pandemia vai causar no país é o governo federal. Com todas as ações já anunciadas até agora, o impacto fiscal já soma R$ 282 bilhões, nas contas da Instituição. 

    “Estamos monitorando todas as ações que já foram anunciadas pelo governo. Aquelas que tem impacto fiscal primário, ou seja, que afetam a conta fiscal, somam R$ 282 bilhões. Este valor está divido entre perda de arrecadação, de R$ 69,7 bilhões, e gastos primários de R$ 212,5 bi. Nós não levamos em conta a liberação dos compulsórios, feita pelo Banco Central, porque ela não tem impacto fiscal”, explica Salto.  

    Com este gasto adicional, o rombo nas contas públicas também será recorde em 2020, chegando a R$ 549,1 bilhões, levando em conta o setor público consolidado que engloba os governos federal, estaduais, municipais e as estatais. Isto representa 7% do PIB, longe do 1,3% previsto para este ano. Não será fácil administrar um déficit deste tamanho, num ambiente de baixa recuperação econômica. Deveria ser motivo suficiente para que o Congresso Nacional evitasse decisões irresponsáveis que causem um buraco ainda maior no setor público do país. 

    “Neste ano já está contratada esta piora fiscal. Pode até ser pior, se a economia ficar parada por 22 semanas, com queda de 85% da atividade econômica. Precisamos de uma ação coordenada que ataque o foco da crise.  A União é a única que pode se endividar. Permitir que os estados tomem dívida nova, por exemplo, como queria o Congresso Nacional, é uma ilusão. É o tipo de gasto que não deveria ser feito neste momento”, alerta o diretor executivo da IFI.