A Instituição Fiscal Independente (IFI) projeta déficit primário de quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano com os gastos para combater os efeitos do novo coronavírus e a queda da atividade econômica. “A ajuda financeira aos Estados e municípios, o recálculo da despesa com o benefício emergencial a vulneráveis e as hipóteses adotadas para os diferimentos de tributos aumentaram a estimativa de déficit primário do governo central, de R$ 514,6 bilhões para R$ 671,8 bilhões. O déficit do setor público consolidado atingirá R$ 706,4 bilhões ou 9,6% do PIB”, diz o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) divulgado nesta segunda-feira.
Com a nova projeção de déficit, a expectativa do órgão ligado ao Senado é que a dívida bruta encerrará o ano em 86,6% do PIB, frente à projeção anterior de 84,9% do PIB, apresentada em abril. “As vendas de reservas colaborarão com redução de 3,4 p.p. do PIB, neste ano, fator já contemplado nas estimativas. Esse aumento nas projeções de dívida ainda não leva em conta a provável piora do cenário de projeção de PIB, cabe ressaltar”, explica o documento.
Segundo a entidade, a trajetória esperada para a dívida no longo prazo também piorou e a expectativa agora é que ela chega a 100% do PIB em 2026, não em 2030. “As avaliações apresentadas neste RAF sugerem um aumento do risco fiscal, dado pela necessidade de financiar um déficit nominal de 13,8% do PIB, em um contexto de apreensão e incerteza nos mercados. Nesse sentido, é preciso ter claro a relevância de se evitar a aprovação de medidas que produzam despesas para o após crise. O transbordamento dos efeitos fiscais tornaria ainda mais penosa a gestão da economia e das contas públicas a partir do próximo ano”, destaca a introdução assinada pelo diretor-executivo da IFI, Felipe Salto.
O documento projeta que a queda do PIB no segundo trimestre pode chegar a 10%. “Os índices de confiança da indústria e do consumidor estão em níveis historicamente baixos e a ociosidade é elevada, o que explica os patamares contidos de inflação e a direção expansionista da política monetária, com queda da Selic.