RIO —Com a pandemia, o Brasil perdeu num só trimestre 2,6 milhões de contribuintes da Previdência Social, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), divulgada nesta terça-feira pelo IBGE.
A principal causa foi a redução acentuada no emprego, principalmente o com carteira assinada. Foram 2,5 milhões vagas formais cortadas no período, queda de 7,5%, a maior desde 2012. Sem contar as contribuições de microempreendedores individuais que perderam trabalho.
— Foi uma queda acentuada num curto intervalo de tempo — afirmou Adriana Beringuy, responsável pela pesquisa do IBGE.
Sem trabalho. Mais da metade da população está sem ocupação
Segundo projeção da Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, o rombo no INSS, que paga os benefícios do setor privado, deve fechar 2020 em R$ 306,2 bilhões — um salto de R$ 92,3 bilhões em relação ao registrado em 2019, o triplo do crescimento de R$ 30 bilhões estimado no ano passado pelo Ministério da Economia.
Além na queda do emprego formal, as empresas que aderiram à suspensão do contrato de trabalho ou à redução de jornada e salário, que permitiu corte nos encargos trabalhistas, reduzem ainda mais a arrecadação do sistema.
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Trimestre de quedas históricas
A contribuição previdenciária é só um dos impactos da pandemia no mercado de trabalho. O trimestre encerrado em maio, que concentra o período da quarentena mais restrita, mostrou uma piora em todos os indicadores acompanhados pela pesquisa.
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Segundo Adriana, do IBGE, quando se olha por setor econômico, as maiores quedas na ocupação desde 2012, quando o instituto começou a pesquisa, foram nesse trimestre:
— Indústria, comércio, agricultura, construção, transporte, alojamento e alimentação tiveram quedas recordes.
- Indústria cortou 10,1% das vagas
- Comércio reduziu o quadro em 11,1%
- Ocupação na agricultura caiu 4,5%
- Construção perdeu 16,4% dos trabalhadores
- Transporte reduziu ocupação em 8,4%
- Alojamento e alimentação perderam 22,1% dos ocupados