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Economia

Previdência Social perde 2,6 milhões de contribuintes num único trimestre

Número de trabalhadores com proteção social é semelhante ao de 2013. Queda no emprego, principalmente formal, explica resultado, diz IBGE
Previdência Social: perda de mais de 2 milhões de contribuintes num trimestre. Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS / Divulgação
Previdência Social: perda de mais de 2 milhões de contribuintes num trimestre. Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS / Divulgação

RIO —Com a pandemia, o Brasil perdeu num só trimestre 2,6 milhões de contribuintes da Previdência Social, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), divulgada nesta terça-feira pelo IBGE.

A principal causa foi a redução acentuada no emprego, principalmente o com carteira assinada. Foram 2,5 milhões vagas formais cortadas no período, queda de 7,5%, a maior desde 2012. Sem contar as contribuições de microempreendedores individuais que perderam trabalho.

— Foi uma queda acentuada num curto intervalo de tempo — afirmou Adriana Beringuy, responsável pela pesquisa do IBGE.

Sem trabalho. Mais da metade da população está sem ocupação

Segundo projeção da Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, o rombo no INSS, que paga os benefícios do setor privado, deve fechar 2020 em R$ 306,2 bilhões — um salto de R$ 92,3 bilhões em relação ao registrado em 2019, o triplo do crescimento de R$ 30 bilhões estimado no ano passado pelo Ministério da Economia.

Além na queda do emprego formal, as empresas que aderiram à suspensão do contrato de trabalho ou à redução de jornada e salário, que permitiu corte nos encargos trabalhistas, reduzem ainda mais a arrecadação do sistema.

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Trimestre de quedas históricas

A contribuição previdenciária é só um dos impactos da pandemia no mercado de trabalho. O trimestre encerrado em maio, que concentra o período da quarentena mais restrita, mostrou uma piora em todos os indicadores acompanhados pela pesquisa.

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Segundo Adriana, do IBGE, quando se olha por setor econômico, as maiores quedas na ocupação desde 2012, quando o instituto começou a pesquisa, foram nesse trimestre:

— Indústria, comércio, agricultura, construção, transporte, alojamento e alimentação tiveram quedas recordes.

  • Indústria cortou 10,1% das vagas
  • Comércio reduziu o quadro em 11,1%
  • Ocupação na agricultura caiu 4,5%
  • Construção perdeu 16,4% dos trabalhadores
  • Transporte reduziu ocupação em 8,4%
  • Alojamento e alimentação perderam 22,1% dos ocupados