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10/06/2020 às 10h22min - Atualizada em 10/06/2020 às 10h22min

Covid-19 e seus efeitos negativos na economia

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA
É consenso nacional que a pandemia provocada pela Covid-19 está exercendo grande impacto negativo na economia.

Do ponto de vista das populações, a tendência, à medida que o tempo passa, é de que os elementos de desigualdade social e econômica ganhem importância no que se refere ao perfil das vítimas. A sustentação da renda em tempos de paralisia na atividade econômica tornou-se regra mesmo entre os países mais liberais. Os governos gastam para atenuar o sofrimento da população.

No caso brasileiro, os choques de oferta e demanda provocados pela disseminação da doença provavelmente irão frear a retomada do crescimento da economia – frustrando a expectativa de que, após o tímido crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, a atividade econômica demonstrasse mais vigor em 2020.

Este diagnóstico é da Instituição Fiscal Independente (IFI), no Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) nº 38, divulgado recentemente. No documento, a IFI aponta que, dependendo da extensão dos choques e das medidas de política econômica adotadas pelos países, pode haver aumento do desemprego.

O caso brasileiro, faz acender o sinal amarelo, dada a existência de um contingente de desocupados significativamente elevado, em torno de 12 milhões de pessoas, sem levar em consideração a parcela da população que está subempregada e os desalentados. Esse cenário compromete a recuperação da economia brasileira em 2020. Veja a lista:

Primeiro: redução das exportações e queda dos preços de commodities especialmente as commodities metálicas, utilizadas em processos manufatureiros e no setor de construção civil, devem sofrer com a desaceleração da economia mundial. Esse tipo de produto é parte importante das exportações brasileiras. "Como decorrência da queda na demanda mundial por commodities, os preços desses itens tendem a sofrer forte redução, o que geraria impacto sobre os termos de troca e, consequentemente, o nível de renda da economia doméstica", aponta o relatório.

Segundo: a restrição das importações de bens intermediários afetando a produção da indústria brasileira em outros setores, tendo em vista que boa parte dos insumos – os bens intermediários – para a produção de eletroeletrônicos, veículos, máquinas e equipamentos e para a indústria farmacêutica vêm da China. Assim, a restrição às importações tende a afetar a indústria de transformação nacional, "piorando um quadro já deteriorado para o setor".

Terceiro:  a fuga de capitais e volatilidade dos ativos financeiros já estava acontecendo no Brasil mesmo antes de a doença chegar. Isso porque, em momentos de incerteza, os investidores tendem a deixar seus recursos em ativos considerados mais seguros, como países e moedas com resultados mais sólidos. No momento o caso brasileiro é classificado como volátil e cercado de incertezas, o que provoca a fuga de capitais.

Quarto: a queda na arrecadação de royalties e participações, com a redução da demanda no mundo todo, incluindo com menos deslocamentos entre as regiões, o preço do petróleo tende a despencar.

Nos estados, a baixa do petróleo também diminui a arrecadação com o ICMS. "O impacto da redução dessas receitas para os cofres da União e dos estados pode ser significativo, a depender da duração do período de menor cotação do petróleo no mercado internacional".

Vamos refletir: ... agora, em plena pandemia começa-se a desenhar novas políticas de estímulo para os setores estratégicos, e este é um momento de oportunidades para as empresas da nova economia.  Nós precisamos reforçar as apostas de um futuro melhor, na saúde, no emprego e na geração de riqueza.

Pensando estrategicamente: ... a sociedade, através de suas entidades organizadas assumem um papel relevante neste momento, o de indicar os instrumentos necessários para retomada econômica de suas empresas, reforçando a confiança de todos e apontando iniciativas de maior efetividade para todos. É preciso construir ações, discutir o volume dos recursos públicos postos à disposição da retomada econômica e cobrar mais velocidade e uma estratégia de longo prazo para estas medidas.

De imediato, a tarefa do Governo Federal é assumir e exercer um papel de articulador e financiador de esforços em dimensão nacional e segmentada para toda a área social e econômica que ele vinha desistindo de exercer.

Ou inauguramos um novo momento para o futuro da economia, ou entraremos novamente em mais uma década perdida.



O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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