Economia Previdência

Previdência: Senado revisa contas sobre o impacto fiscal da reforma; economia sobe para R$ 996 bilhões

Cálculo considera mudanças no texto que veio da Câmara e PEC Parelela, aprovados na CCJ da Casa
A CCJ do Senado presidida pela senadora Simone Tebet (MDB- MS) e sob a relatoria do senador Tasso Jereissati Foto: Jorge William / Agência O Globo
A CCJ do Senado presidida pela senadora Simone Tebet (MDB- MS) e sob a relatoria do senador Tasso Jereissati Foto: Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA — A consultoria do Senado refez as contas sobre o impacto da reforma da Previdência, aprovada na quarta-feira pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Pelo relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), a economia com as mudanças no sistema de aposentadoria seria de R$ 962 bilhões em 10 anos.

Porém, segundo cálculos da Instituição Fiscal Independente (IFI), que está assessorando o senador, com a incorporação de emendas ao texto durante a votação, o ganho fiscal será de 996,2 bilhões. Este valor considera que a chamada PEC paralela (Proposta de Emenda à Constituição), desmembrada do texto principal, vá avançar no Congresso.

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A PEC paralela busca incluir estados e municípios na reforma da Previdência e faz uma série de modificações no texto. Caso todos  governos federais aprovem projetos de lei nas assembleias para enquadrar seus servidores nas novas regras da União, haverá um ganho fiscal extra de R$ 350 bilhões – o que ampliaria o impacto da reforma para  R$ 1,346 trilhão em 10 anos.

Segundo as contas da IFI, com as mudanças feitas pelo relatório no texto principal, a economia de R$ 933,5 bilhões prevista pelo governo no texto aprovado pela Câmara dos Deputados, cai para R$ 869,5 bilhões.

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Tasso retirou  da proposta alguns pontos como o que permitia pensão por morte  abaixo de um salário mínimo; regras mais duras para trabalhadores que  lidam com atividades de risco e o critério de renda (per capita de um salário mínimo) para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Aprovado pelo Senado, esse texto será promulgado.

Já na PEC paralela que ainda terá que passar pelo crivo da Câmara dos Deputados, Tasso amplia as despesas em R$ 28,3 bilhões com a flexibilização de regras para algumas categorias e eleva a arrecadação em R$ 155 bilhões com a cobrança de  contribuição previdenciária de entidades filantrópicas, do setor exportador e de micro e pequenas empresas enquadradas no Simples.

A IFI não inclui potencial impacto da medida que prevê que policiais federais terão direto a integralidade (ultima salário da carreira) e paridade (mesmo reajuste salarial dos ativos), poderá reduzir essa economia em R$ 17 bilhões.

Mudanças que reduzem ganho fiscal

Supressão das mudanças do BPC  -  R$ 22 bilhões

Na Câmara: o requisito para a concessão do benefício (renda per capita de 1/4 do salário mínimo), previsto atualmente em lei, foi incluído na Constituição para reduzir gastos com sentenças judiciais.

Na CCJ do Senado: esse ponto foi retirado, mantendo apenas a previsão em lei.

Mudanças nos benefícios acidentários - R$ 7 bilhões

PEC Paralela: objetivo é contemplar os acidentados fora do trabalho com aposentadoria um pouco acima da média obtida pela regra geral.

Pensão por morte - R$ 15 bilhões + R$ 35 bilhões

Na Câmara: o valor do benefício, atualmente integral, passaria a ser de 60%, mais 10% por dependente. No caso de pensionista sem rendimento formal, o benefício não poderia ser inferior a um salário mínimo.

PEC Paralela: Garantia de pensão maior (20%, em lugar de 10%) quando a viúva tiver filhos menores de idade e fixação do salário mínimo como piso para as pensões. A medida aumenta a possibilidade de a pensão atingir 100%.

NA CCJ: A segunda medida fixa o salário mínimo como piso para as pensões.o valor da pensão não poderá ser inferior a um salário mínimo em nenhuma situação. A cota por dependente de até 18 anos dobra para 20% (uma viúva com dois filhos teria direito a 100%).

Trabalhadores em atividades prejudiciais à saúde - R$ 6 bilhões

Na Câmara: essas categorias podem se aposentar pelo sistema de pontos (somando idade e tempo de contribuição) a começar por 66 pontos e 15 anos de efetiva exposição (maior risco); 76 e 20 anos (médio risco) e 86 pontos e 25 anos (menor risco). Mas haveria o acréscimo de um ponto a cada ano para quem já está no mercado.

Na CCJ do Senado: A medida suprime a chamada regra de pontos (ou escadinha). Trabalhadores da mineração, por exemplo, serão beneficiados. R$ 6 bilhões

Bolsa Família - efeito zero

PEC Paralela - Emenda Indexa bolsa família à inflação. medida com efeito zero, pois as despesas do programa já crescem pela inflação

Aposentadorias por invalidez - R$ 5,2 bilhões

PEC Paralela -  No caso de deficiência, garantidos 100%

Anistiados políticos - R$ 1 bilhão

Na Câmara: o beneficiário deveria escolher entre a reparação indenizatória e o benefício previdenciário (aposentadoria ou pensão).

Na CCJ do Senado: retira essa restrição, permitindo o acúmulo de pensão e aposentadoria.

Pensão para pessoas com deficiência - R$ 1,1 bilhão

PEC Paralela: Acúmulo de pensões no caso de pessoas com deficiência mental, intelectual grave.

Confira os principais pontos da reforma da Previdência

Mudanças que elevam a arrecadação

Inclusão de estados e municípios - R$ 350 milhões

PEC Paralela - O objetivo é garantir que os governos regionais sejam contemplados na reforma da Previdência.

Reoneração do agronegócio exportador e filantrópicas - R$ 120 bi

PEC Paralela - Aumentam-se, gradativamente, em um período de 5 anos, as contribuições previdenciárias sobre o agronegócio exportador e as chamadas filantrópicas, excetuando-se Santas Casas e Entidades Assistenciais.

Cobrança gradual de contribuição de empresas enquadradas no Simples - R$ 35 bilhões

PEC Paralela : a cobrança foi incluída, com previsão de arrecadar R$ 35 bilhões em dez anos.

Alterações no Funpresp - R$ 20 bilhões

PEC Paralela: Reabertura do prazo para adesão dos servidores públicos federais ao Funpresp, espécie de fundo de capitalização dos servidores.