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Erros do governo colocaram em risco o avanço da reforma

O plenário da Câmara

Essa reforma é um projeto do governo, originalmente, que seguiu um roteiro totalmente distinto. O Planalto mais atrapalhou do que ajudou. O presidente da República se envolveu para enfraquecer a reforma. O ministro da Economia, que em um momento tentou ajudar, depois atacou publicamente a Câmara, a acusou de ceder ao lobby dos servidores e de não ter compromisso com o futuro do Brasil. Esses confrontos verbais prejudicaram. 

O presidente Jair Bolsonaro até apresentou a proposta e a levou pessoalmente ao Congresso. Isso foi importante. Mas esse compromisso ele não demonstrou em outras fases do processo. O sistema é presidencialista. O presidente tem que participar, convencendo as bancadas. Bolsonaro trata negociações como um processo ilegítimo de troca. É um equívoco. Na democracia, os poderes têm que dialogar. Os erros do governo poderiam ter feito o projeto naufragar.

Isso não aconteceu porque surgiu no roteiro a atuação de Rodrigo Maia com os líderes no Congresso. Foi esse o trabalho de convencimento. Maia comandou o processo, que contou com as participações fundamentais do presidente da comissão especial, deputado Marcelo Ramos, e do relator, deputado Samuel Moreira. No governo, os destaques foram os secretários Leonardo Rolim, na parte técnica, e Rogério Marinho, no campo político.

Esses grupos do governo participaram do diálogo. Mas a participação do presidente no fim foi para enfraquecer a reforma. Bolsonaro fez lobby pelos policiais, categoria que já tem muitos privilégios. Nesta quinta-feira, deve ser votado o destaque que diminui ainda mais a idade mínima para a aposentadoria dos agentes de segurança da União, que seria de 52 anos para as mulheres e de 53 anos para os homens. No geral, a regra é de 65 anos. Haverá um desequilíbrio no sistema.    

A reforma avançou, mas da forma como está não vai economizar R$ 1 trilhão em dez anos, como se alardeava. O cálculo do IFI, o instituto fiscal do Senado, aponta uma economia de R$ 714 bilhões com o texto que chegou até aqui. Os destaques podem reduzir mais essa expectativa.

 


 

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