Descrição de chapéu Eleições 2018

Polêmicas da campanha eleitoral envolveram 13º salário, nome no SPC e indulto a Lula

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São Paulo

Nada provocou mais polêmica nessas eleições do que o atentado a faca contra o líder nas pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL), em Juiz de Fora (MG).

O caso polarizou ainda mais a campanha, que se tornou um confronto entre um candidato que levou uma facada e outro que está na cadeia —o ex-presidente Lula, preso em Curitiba, impedido de concorrer pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e substituído por Fernando Haddad (PT).

Em um ambiente tão emotivo e com programas de governo propositadamente evasivos, sobrou pouco espaço para discussões aprofundadas. Ainda assim, alguns assuntos provocaram vai e vem nos comitês dos candidatos.

O mais controverso foi a proposta de Paulo Guedes, guru econômico de Bolsonaro, de criar um imposto sobre transações financeiras aos moldes da extinta CPMF

Revelado por Mônica Bergamo, colunista da Folha, o caso levou Bolsonaro e seus assessores a uma corrida para conter o estrago e afastou Guedes de eventos públicos.

Os candidatos a vice-presidente também deram trabalho aos cabeças de chapa, particularmente o general Hamilton Mourão. Vice de Bolsonaro, Mourão criticou o 13º salário, propôs uma assembleia de "notáveis" para fazer nova Constituição e disse que famílias chefiadas por mães e avós são "fábricas de desajustados".

Fernando Haddad foi outro que teve que se explicar por causa das declarações de correligionários. Condenado no mensalão e no petrolão, o ex-ministro José Dirceu disse que era “uma questão de tempo para o PT tomar o poder, o que é diferente de ganhar as eleições".

Já Fernando Pimentel, candidato à reeleição em Minas Gerais, garantiu que Haddad daria um indulto a Lula, tirando o ex-presidente da cadeia.

Entre os próprios candidatos, o mais polêmico foi Ciro Gomes (PDT), já fiel ao seu estilo. 

Começou a campanha eleitoral prometendo à população endividada “tirar seu nome do SPC”, o que lhe valeu nas redes sociais a alcunha de “pai Ciro”, em referência aos pais de santo do candomblé.

Colagem sobre polêmicas da campanha eleitoral que envolveram  13º salário, nome no SPC e indulto a Lula
Colagem sobre polêmicas da campanha eleitoral que envolveram 13º salário, nome no SPC e indulto a Lula - Alex Kidd

Recriação da CPMF

O que foi Em uma reunião restrita com investidores, o economista Paulo Guedes, que deve comandar o Ministério da Fazenda caso Jair Bolsonaro (PSL) seja eleito, disse que vai recriar um imposto nos moldes da CPMF, que incide sobre transações financeiras.

Como ficou Quando a Folha noticiou a proposta, Bolsonaro e seus aliados tiveram que explicar que sua meta é reduzir a carga tributária. Guedes cancelou participação em uma série de eventos, mas Bolsonaro afirmou que ele “continua firme” na campanha. 

Famílias chefiadas por mulheres são fábricas de desajustados

O que foi Em evento em São Paulo, Mourão afirmou que famílias chefiadas por mães e avós são “fábricas de desajustados” que fornecem mão de obra para o narcotráfico.

Como ficou Aliados de Bolsonaro pediram a Mourão para reduzir a agenda pública. O general diria mais tarde que fez uma “constatação” e que a imprensa “pega no seu pé”.

Críticas ao 13º salário

O que foi Em palestra em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, o general da reserva Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, disse que o 13° salário é uma “jabuticaba brasileira” e uma “mochila nas costas dos empresários”.

Como ficou Assim que a notícia foi publicada, Bolsonaro o desautorizou pelas redes sociais, dizendo que criticar o 13º é uma “ofensa a quem trabalha” e uma prova de “desconhecimento da Constituição”. Na semana seguinte, Mourão voltou a carga e disse que o 13º “prejudicava a todos”.

PT vai tomar o poder

O que foi Questionado pelo jornal El País se havia chance de o PT “ganhar, mas não levar as eleições”, o ex-ministro José Dirceu disse que era “improvável”, mas que, se ocorresse, “seria uma questão de tempo para a gente tomar o poder, o que é diferente de ganhar as eleições”.

Como ficou Depois da polêmica, Dirceu recuou e afirmou que sua fala foi “infeliz”.

Indulto a Lula

O que foi Candidato à reeleição em Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) afirmou a líderes políticos na cidade de Teófilo Otoni que, se eleito, “Haddad assinará um indulto a Lula em seu primeiro dia de governo”.

Como ficou Haddad negou e afirmou que o ex-presidente “é o primeiro a dizer que quer o reconhecimento do Judiciário”. Gleisi Hoffmann, presidente do PT, disse que não via “problema nenhum” no indulto, mas que “respeitava a decisão” de Lula

Nova Constituição

O que foi Em seu programa de governo, o PT propôs a instalação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Mourão, vice de Bolsonaro, também falou em uma nova Constituição, mas por meio de uma “assembleia de notáveis”.

Como ficou Haddad baixou o tom e disse que seu programa cogita “criar condições” para uma Constituinte, “se o Congresso assim o desejar”. Mourão disse que “era sua posição pessoal, mas não refletia as ideias de Bolsonaro”.

Tirar o nome de devedores do SPC

O que foi No primeiro debate entre os candidatos, realizado pela TV Bandeirantes, Ciro Gomes (PDT) prometeu que “iria ajudar os 63 milhões de brasileiros endividados” a “tirar o seu nome do SPC” (Serviço de Proteção ao Crédito).

Como ficouManteve a proposta e foi detalhando aos poucos. Disse que estimularia Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a refinanciar as dívidas, mas que só valeria para quem estivesse endividado até o momento em que falou sobre o assunto pela primeira vez.

Revogar a reforma trabalhista

O que foi Kátia Abreu, candidata a vice-presidente de Ciro Gomes, disse que é “mito” que Ciro seja contra a reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer e que “ninguém vai desmanchar e destruir uma lei”.

Como ficou Ciro contradisse sua vice e disse que quer “revogar” a reforma trabalhista.

Zerar o déficit público

O que foi Os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) prometeram zerar o déficit das contas públicas em dois anos. Jair Bolsonaro disse que resolveria o problema em um ano.

Como ficou As propostas foram consideradas pouco factíveis. Segundo a Instituição Fiscal Independente, órgão do Senado que monitora as contas públicas, é muito difícil acabar com o déficit público até 2022.
Porte de arma

O que foi Geraldo Alckmin, do PSDB, passou a defender o porte de arma no campo. Ele disse que “se você mora isolado, vira alvo fácil”.

Como ficou Foi tentativa do candidato de manter o apoio da bancada ruralista, todavia, não adiantou. No fim da campanha, eles acabaram apoiando Bolsonaro.

Casamento gay

O que foi Em seu programa de governo, a candidata Marina Silva (Rede), disse que o direito ao casamento homoafetivo deve ser defendido por lei.

Como ficou Questionada sobre o assunto, a candidata, que é evangélica, esclareceu que não apresentaria uma lei para legalizar o casamento gay, mas apenas endossaria se os deputados a aprovassem.

Alimentação vegetariana

O que foi Eduardo Jorge, candidato a vice-presidente na chapa de Marina, defendeu a promoção da alimentação vegetariana como uma “escolha ética, saudável e sustentável”

Como ficou A posição causou controvérsia entre os ruralistas.

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