Publicidade

Publicidade

COLUNA DO DIA

Regime de contenção

por Lydia Medeiros

O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES)

O Senado quer manter fechada a torneira de crédito aos estados e prefeituras em risco de falência. “O inverno chegou”, diz o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), citando dados da Instituição Fiscal Independente, órgão do Senado: entre 2011 e 2014, a Comissão de Assuntos Econômicos aprovou 73 operações de empréstimos, no total de R$ 112,5 bilhões a governos estaduais e municipais que, agora, não têm capacidade de pagamento. O governo federal estimulava, governadores e prefeitos queriam, e os senadores aprovavam. Mas todos sabiam que eram negócios impagáveis, com a mais baixa classificação (C e D) na escala de risco financeiro medido pelo Banco Central.

Currículos em alta

Nas 159 estatais em operação no país existem 1.237 cargos remunerados nos conselhos fiscal e de administração. Dois terços devem ser renovados nos próximos 18 meses. O maior problema do presidente Temer será fugir das indicações políticas e cumprir a Lei das Estatais. Para um governo que se apoia no Congresso e precisa de votos para aprovar reformas impopulares, a tarefa de escolher apenas técnicos para as vagas será dura.

Porteira aberta

Depois de ceder e excluir servidores municipais e estaduais da reforma da Previdência, o governo já admite abrir mão de outro ponto da proposta: a aposentadoria rural de mulheres. Hoje, elas podem pedir o benefício aos 55 anos. No texto original, essa idade pularia para 65. A diferença de dez anos já tem o carimbo de “exagerada” no próprio governo.

Pelas tabelas

Deputados aliados do governo apresentaram ontem emenda à Constituição que prevê a atualização automática da tabela do Imposto de Renda com base na inflação. Alegam que há defasagem de 83%, desde 1996. Para um governo que deve anunciar aumento de impostos, a notícia é dor de cabeça.

A conta não fecha

O governo está destrinchando os dados da votação do projeto da terceirização. Entre os problemas, o próprio partido do presidente Temer, o PMDB, que rachou. O desempenho do PPS chamou atenção: com dois ministros e apenas oito deputados, só deu três votos a favor da proposta. No mercado, o resultado da votação (231 a favor e 138 contra) foi mal recebido e visto como prévia das dificuldades que terá a reforma da Previdência.

Fim de caso

Com o sepultamento do financiamento privado nas eleições, o casamento duradouro entre empreiteiras e políticos acabou de vez. O divórcio já ficou claro nas eleições municipais do ano passado. Pela primeira vez, em décadas, as grandes construtoras foram ignoradas pelos candidatos. Os empresários não foram procurados sequer para pedir palpite em plano de governo. Um alto executivo do setor, devassado pela Lava-Jato, confessa: “Foi um exercício de humildade para nós”.

Rede hostil

Um dos grupos que lideraram manifestações de rua no processo de impeachment de Dilma, o Movimento Brasil Livre apanhou ontem nas redes sociais. Motivo: considerou uma “vitória do Brasil” a aprovação da terceirização irrestrita.

Moreno

Cantinho do Moreno

Não é só Lula. Dilma Rousseff também já está em campanha para as eleições de 2018. Como a esquerda dificilmente elegeria as duas vagas do Senado e uma delas já parece reservada à reeleição de Paulo Paim, Dilma está de olho na Câmara. E já recrutou para a assessoria a que tem direito como ex-presidente uma das referências do movimento feminista brasileiro, a jornalista Télia Negrão. É sinal de que pretende dar ênfase na sua eventual campanha às pautas que mobilizam as mulheres.

Publicidade