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Para cumprir teto, governo terá de cortar despesas obrigatórias

Cálculo da IFI, do Senado, aponta que reduções de gastos obrigatórios precisa ser de R$ 100 bi até 2026

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Por Idiana Tomazelli e Adriana Fernandes
Atualização:
Para a equipe econômica, o abono salarial, criado há 46 anos, não se justifica mais Foto: Dida Sampaio/Estadão

BRASÍLIA - Para poder cumprir o teto nos próximos anos, o governo vai perder muito da chamada “margem fiscal” – a parcela da despesa que, em tese pode ser cortada, realocada ou protelada e que contempla também gastos essenciais ao funcionamento da máquina pública.

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Mais de 90% dos gastos são obrigatórios, previstos em lei. A parcela que resta é bem pequena. Neste ano, são R$ 114 bilhões. Ocorre que não é possível mexer em todo esse dinheiro. O governo não pode prescindir de energia elétrica, vigilância ou serviços de informática, uma vez que são necessários à atividade da administração pública. Esses gastos, segundo o diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Felipe Salto, engessam em torno de R$ 70 bilhões da margem fiscal, já que não podem ser cortados.

Mesmo com a reforma da Previdência, as despesas obrigatórias continuariam avançando, estreitando a margem fiscal. Salto estima que ela pode cair para R$ 48 bilhões em 2021.

Se a reforma da Previdência não sair, a margem ficará mais estreita ainda, porque vai ser consumida com pagamento de aposentadorias e pensões.

A IFI calcula que, para conseguir cumprir o teto e manter uma margem, o governo federal precisará encontrar alternativas legais para reduzir R$ 100 bilhões de gastos obrigatórios até o fim de 2026. “O teto de gastos é uma regra importante como sinalização, mas se o governo não tomar medidas que ajudem o teto a parar de pé, ele vai ruir”, diz Salto.

Ganhos fiscais.  Sem o teto, o gasto primário (que não inclui pagamentos de juros) chegaria a 25,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026. Com o limite, cai para 15,5%, de acordo com estimativas da área econômica. “O problema não é tanto para os primeiros anos do teto, mas a partir do terceiro ou quarto ano, que ele começa a exercer mesmo o poder dele. E aí, se o governo não tiver aprovado a reforma da Previdência e não tiver feito contenções importantes nos gastos com pessoal, em termos quantitativos e também de salário, vai ser praticamente impossível cumprir o teto”, avalia o economista-chefe da Tullet Prebon, Fernando Montero. 

Mais desafios. Na visão do economista, de qualquer maneira, o teto apertará em 2019, quando um novo governo, entre outras coisas, precisará discutir a regra do salário mínimo e negociar um novo pacote de reajustes salariais do funcionalismo. 

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“O cumprimento do teto mandará acabar com vários programas como compensações ao INSS, abono salarial, uma montanha de subsídios. Pode impor aumento de contribuições previdenciárias sobre funcionalismo federal e até mesmo um nova rodada de reformas”, ressalta Prebon. 

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