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JC Contabilidade

- Publicada em 18 de Junho de 2019 às 15:44

Gastos obrigatórios impedem a retomada de investimentos

Despesas como a Previdência Social serão cada vez maiores no Orçamento

Despesas como a Previdência Social serão cada vez maiores no Orçamento


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado voltou a defender a necessidade de uma reforma sobre a estrutura de despesas obrigatórias do Estado brasileiro. Na edição de junho do Relatório de Acompanhamento Fiscal, publicada no dia 10 deste mês, a IFI apontou que a pressão exercida por essas despesas, dentro do conjunto do Orçamento, compromete os investimentos públicos.
A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado voltou a defender a necessidade de uma reforma sobre a estrutura de despesas obrigatórias do Estado brasileiro. Na edição de junho do Relatório de Acompanhamento Fiscal, publicada no dia 10 deste mês, a IFI apontou que a pressão exercida por essas despesas, dentro do conjunto do Orçamento, compromete os investimentos públicos.
"A manutenção da capacidade do Estado de conduzir políticas públicas nas áreas de saúde, educação e segurança pública, temas muito caros à população, passa por adequar os gastos obrigatórios. É importante repetir exaustivamente que a consolidação fiscal no país passa pela discussão do peso dos gastos obrigatórios no Orçamento público", diz o relatório.
A taxa de investimento do País recuou para abaixo da sua média histórica no primeiro trimestre de 2019. Segundo a IFI, o setor público não compensa a retração do setor privado porque promove sucessivos apertos sobre as verbas discricionárias, a fim de cumprir regras fiscais.
No entanto, essa política, que se prolonga desde 2014, já dá sinais de esgotamento. "A estratégia do Poder Executivo de promover o ajuste sobre os gastos discricionários está próxima do limite, em razão da impossibilidade de corte dessas despesas aquém de um montante mínimo correspondente ao funcionamento da máquina pública. Para 2019, a margem calculada é de R$ 110 bilhões, enquanto o nível mínimo para o funcionamento da máquina seria de R$ 75 bilhões."
O estudo afirma que, sem uma agenda de reformas que modifique a dinâmica dos gastos obrigatórios, a trajetória de "compressão" dos investimentos públicos continuará. Despesas como a Previdência Social e a folha salarial do funcionalismo representarão fatias cada vez maiores do Orçamento.
No primeiro trimestre de 2019, a taxa de investimento do País caiu de 15,8% para 15,5% do PIB. A média registrada entre 1997 e 2013 foi de 18,6%. Essa taxa deveria ser de cerca de 21% para sustentar uma expansão econômica de 3% do PIB ao ano. Sem esse indicativo, as estimativas do mercado para o crescimento neste ano, compiladas pelo Banco Central (BC), seguem em queda desde fevereiro.
Além dos contingenciamentos no setor público, a retração dos investimentos tem a ver com a ociosidade da indústria devido à reduzida capacidade de consumo da população e da incerteza sobre o andamento das reformas que recomporiam o quadro fiscal.
"As decisões de investimento privado tomadas pelas firmas dependerão das expectativas de lucro em relação ao futuro, e são favorecidas quando há um horizonte de maior previsibilidade e estabilidade econômica", explica a IFI.
O cenário tem impacto sobre o mercado de trabalho. Além de as taxas de desocupação se manterem estáveis, a lenta retomada econômica também faz com que o tempo de permanência no desemprego permaneça elevado: a parcela da força de trabalho que está sem emprego há mais de um ano encontra-se em 4,9% desde o início de 2017. O crescimento da renda do trabalho e da massa salarial também é limitado.
A IFI defende, ainda, medidas de ajuste com impacto nas receitas do Estado. A atividade econômica estagnada compromete a arrecadação, tornando o Orçamento cada vez mais dependente de receitas extraordinárias (emissão de nova dívida).
Em análise dos quadrimestres iniciais dos últimos quatro anos, a IFI registra queda significativa na arrecadação de tributos como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a Cofins e o Pis/Pasep, que dependem da produção industrial, do consumo e do trabalho.
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