Economia

Senado aprova Josué Pellegrini para diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI)

Durante sabatina na comissão que analisou a indicação, o analista defendeu a inclusão de estados e municípios na reforma da Previdência
Plenário do Senado Foto: Jorge William / Agência O Globo
Plenário do Senado Foto: Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA  — O plenário do Senado aprovou nesta terça-feira, por 64 votos a favor e um contra, a indicação de Josué Alfredo Pellegrini para o cargo de diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), estrutura que monitora as contas públicas. A decisão confirma a aprovação unânime que ocorreu após sabatina do nomeado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O analista e consultor legislativo assume o cargo no lugar do economista Gabriel Leal de Barros.

Durante a sabatina na CAE, Pellegrini foi questionado, principalmente, sobre a reforma da Previdência. Para o novo diretor, seria fundamental que a proposta - já aprovada na comissão especial da Câmara dos Deputados - incluísse estados e municípios, conforme propôs o governo no texto original.

— Eles [estados e municípios] têm um problema similar ao da União. As despesas previdenciárias estão subindo de maneira muito rápida, causando pressão nas contas e reduzindo a disponibilidade de receita para as outras atribuições  — disse Pellegrini.

A IFI não fez estimativa sobre o impacto que mudanças no sistema de aposentadorias dos estados e municípios teria, mas o governo estimou que ela traria uma economia de R$ 350 bilhões em dez anos. Apesar de defender a inclusão, Pellegrini teme, a partir de agora, novas alterações inviabilizem a aprovação do texto no plenário da Câmara.

— Talvez haja uma possibilidade estratégica para se considerar a hipótese de inclusão dos estados e municípios. Entendemos a dificuldade que a questão envolve. Precisa avaliar se não põe em risco o todo da proposta. É um risco que os senadores e deputados terão que avaliar  — afirmou o doutor em economia pela USP e ex-gestor de políticas públicas no ministério da Economia.

Pellegrini também respondeu o motivo de os números da IFI e do governo serem discrepantes em relação à economia esperada com a reforma. A equipe econômica previa um ganho fiscal de R$ 1,2 trilhão, mas o valor caiu para cerca de R$ 1 trilhão após a aprovação do relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) na comissão especial. A IFI acredita que a economia será bem inferior.

—  No caso da PEC [texto do governo] o impacto estimado pelo IFI era de R$ 971,4 bilhões em dez anos e, com as alterações feitas na comissão especial, caiu para R$ 754,7 bilhões. (...) Os valores do governo têm sido maiores do que os da IFI. Não quer dizer que tem alguém errado. São estimativas feitas sobre muitas hipóteses, como expectativa de evolução da economia, do PIB, da inflação — explicou.

*Estagiário sob supervisão de Martha Beck