O economista Persio Arida, coordenador do programa econômico do tucano Geraldo Alckmin, esclarece que não é favor de revogar e/ou revisar o teto de gastos, diferentemente do que outros candidatos pregam outros candidatos e do que alguns posicionamentos seus podem ter dado a entender. Ao contrário, ele destaca a importância de manter esse mecanismo, lembrando que a despesa primária do governo central subiu de 14,7% do PIB em 1997 para 20% em 2016 -- e, sem a emenda do teto, teria subido ainda mais em 2017.
Para Arida, a manutenção do teto é fundamental até se estabilizar a relação dívida pública/PIB ou pelo menos até se confirmar essa trajetória, o que ainda está longe. O cenário que está na cabeça do economista tem como base a meta de zerar o déficit público em dois anos e gerar um superávit entre 2% e 2,5% ao final do mandato do próximo presidente -- tudo isso levando-se em conta essencialmente o corte de gastos e a evolução da receita lastreada na recuperação da atividade econômica, sem aumento de carga tributária.
O risco de contenção dos gastos sociais e dos investimentos só será afastado com o empenho para aprovar a reforma da Previdência. E é esse ponto que dá margem a algumas considerações. O próprio Alckmin já havia manifestado sua discordância da ordem em que foi implantado o teto -- não do "conceito" desse mecanismo. Para Alckmin, seria necessário fazer a reforma antes do teto e não o contrário. E, do jeito como as coisas se encaminharam, a situação é mais ou menos comparável a construir primeiro o telhado e só depois providenciar as colunas da casa.
O economista fala em manter o teto dentro da Constituição ou por lei complementar -- esta última alternativa compatível com uma proposta mais ampla defendida por ele, que consiste na "desconstitucionalização" da política econômica. Por essa proposta, a gestão da política econômica seria regulamentada pelo caminho infra-constitucional e não constitucional e, em consequência, deixaria de ser engessada e ganharia agilidade.