Por Alexandro Martello, G1 — Brasília


O governo não deverá cumprir a meta fiscal de um déficit primário (despesas maiores do que receitas, sem contar juros da dívida) de até R$ 139 bilhões fixada para este ano, segundo relatório de acompanhamento divulgado nesta segunda-feira (10) pela Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado Federal.

Para a IFI, a previsão é de um rombo de R$ 144,1 bilhões nas contas do governo nesse ano. Nessa estimativa, o órgão estima que haverá, em 2017, o ingresso de R$ 13 bilhões com o processo de repatriação (valores que serão divididos com os estados e municípios), R$ 15,5 bilhões com o novo Refis, R$ 24 bilhões com concessões e R$ 8,9 bilhões com a venda do IRB Resseguros, da Caixa Seguridade e da BR Distribuidora. O valor não considera, porém, os R$ 8,6 bilhões em receitas de precatórios.

Porém, de acordo com Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente, há uma "incerteza" importante dessa receita de venda de ativos (Caixa Seguridade, IRB e BR Distribuidora). Por isso, ele segue prevendo o descumprimento da meta do governo em 2017. "Estamos caminhando para a segunda metade do ano e ainda não houve nada importante", avaliou ele, comentando a venda prevista dos ativos do governo.

Segundo Salto, porém, os estados poderão "salvar" as contas públicas. Ele estimou que os estados deverão registrar um superávit primário de R$ 1,2 bilhão em 2017 e, com isso, as contas de todo o setor público consolidado (União, estados, municípios e estatais) deverão, em sua análise, apresentar um déficit primário de R$ 142,9 bilhões - abaixo da meta fiscal de até R$ 143,1 bilhões definida para todo este ano.

A Instituição Fiscal Independente projetou, também, que a meta de déficit primário do ano que vem, de até R$ 129 bilhões para as contas do governo, também não será cumprida. A estimativa é de um rombo nas contas do governo de R$ 166,2 bilhões no próximo ano.

"O ano de 2017 é o menor dos problemas. Há uma redução da carga tributária e aumento de despesas obrigatórias. Para combater isso, vai precisar atacar duas frentes: as despesas discricionárias (passíveis de cortes) e também as obrigatórias (como Previdência Social e gastos com a folha de pagamentos. Não vai adiantar receitas atípicas", declarou Felipe Salto.

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