O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta quinta-feira, 3, durante evento do Goldman Sachs, em São Paulo, que até o momento “as condições econômicas se mantiveram, a despeito do impacto sobre os índices de confiança do aumento de incerteza quanto ao ritmo de implementação de reformas e ajustes na economia”. De acordo com Goldfajn, isso permitiu “a manutenção do ritmo de estabilização e recuperação gradual da economia, a manutenção do comportamento favorável da inflação e a continuidade do ritmo da flexibilização da política monetária”.

Em outro ponto de seu discurso, Goldfajn afirmou que a economia brasileira apresenta hoje maior resiliência, “devido à situação mais robusta de seu balanço de pagamentos e ao progresso no processo desinflacionário e na ancoragem das expectativas”. “A continuidade dos ajustes e reformas será importante para o equilíbrio da economia, com consequências favoráveis para a desinflação, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia brasileira”, acrescentou Goldfajn, na parte final de seu discurso.

Embora o evento do Goldman Sachs tenha sido fechado à imprensa, o Banco Central publicou, em sua página na internet, os apontamentos feitos por Goldfajn no fim da tarde de hoje.

Reformas

Ilan retomou, durante seu discurso, a ideia contida nos últimos documentos da instituição: a de que o fator de risco principal é a incerteza sobre a velocidade do processo de reformas.

Ele também repetiu a avaliação de que o cenário externo permanece favorável, embora haja riscos associados à normalização da política monetária em algumas economias centrais.

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Ao mesmo tempo, lembrou que há riscos que podem reduzir a inflação. “A acentuada desinflação dos preços de alimentos e de preços industriais pode ter efeitos secundários (isto é, além do impacto direto) na inflação. Notadamente, essa desinflação pode contribuir para quedas adicionais das expectativas de inflação e da inflação em outros setores da economia”, afirmou.

Para o presidente do BC, também é preciso monitorar “o ritmo de recuperação da economia, que pode ser mais (ou menos) demorado e gradual do que o antecipado”.

Taxa estrutural

Ilan afirmou que há “substancial incerteza” nas estimativas para a taxa estrutural da economia – aquela em que, teoricamente, permite o crescimento, sem gerar inflação. Segundo ele, essas estimativas precisam ser “continuamente reavaliadas”.

“É necessário continuar os esforços de reduzir a taxa de juros estrutural da economia. Nesse sentido, a aprovação e a implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal e creditícia, e de ajustes na economia brasileira que mantenham as contas públicas em equilíbrio são fundamentais para a sustentabilidade da desinflação e para o funcionamento pleno da política monetária”, afirmou Goldfajn, retomando ideia contida em documentos mais recentes do Banco Central.

Ele também reforçou que a extensão do ciclo de corte de juros “dependerá de fatores conjunturais e das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira”. “A evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia (principalmente das fiscais e creditícias) é importante para a queda das estimativas da taxa de juros. Essas estimativas continuarão a ser reavaliadas pelo Copom ao longo do tempo”, acrescentou.


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