Convidados de audiência pública defendem funk como cultura e condenam criminalização — Rádio Senado
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Convidados de audiência pública defendem funk como cultura e condenam criminalização

A criminalização do estilo musical funk foi tema de debate na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, nesta quarta-feira (13). O assunto é tema da sugestão legislativa que considera o funk  crime de saúde pública a criança aos adolescentes e a família. A SUG 17/2017 foi elaborada pelo cidadão paulista Marcelo Alonso que considera o funk “falsa cultura”. Ele conseguiu mais de 20 mil apoios a essa tese apresentada ao Portal E-Cidadania. A antropóloga Mylene Mizhar criticou a proposta e afirmou que o machismo reproduzido nas letras das músicas não foi criado pelo funk, mas pela própria sociedade. Para o MC Koringa, criminalizar o funk é se eximir de culpa pela falta de políticas públicas para as comunidades mais pobres.

13/09/2017, 16h06 - ATUALIZADO EM 13/09/2017, 19h50
Duração de áudio: 01:57
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Transcrição
LOC: A CRIMINALIZAÇÃO DO FUNK FOI TEMA DE DEBATE NA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS, NESTA QUARTA-FEIRA. LOC: A ASSUNTO É TEMA DE UMA SUGESTÃO LEGISLATIVA QUE TEVE O APOIO DE MAIS DE 20 MIL CIDADÃOS NO PORTAL E-CIDADANIA. DETALHES COM A REPÓRTER PAULA GROBA. TÉC: A sugestão legislativa que pede a criminalização do funk foi apresentada pelo cidadão que mora em São Paulo, Marcelo Alonso. Na justificativa, ele afirma que o funk é um crime contra a criança, adolescentes e a família. E o classifica como “falsa cultura". No primeiro debate sobre o tema, foram ouvidos artistas que cantam e compõem funk, além da antropóloga Mylene Mizhari. A antropóloga criticou a sugestão, explicando os princípios da liberdade individual e da cultura como mutável constantemente. Mylene ainda destacou que o machismo reproduzido nas letras das músicas não foi criado pelo estilo, mas pela própria sociedade (Mylene Mizhari) Então junto com essa proposta de apagamento do gosto alheio, de uma estética alternativa ao gosto hegemônico, quer se apagar uma realidade sem ter que reconhecer nela um problema social. (Repórter) Na visão do MC Koringa, criminalizar o funk é se eximir de culpa pela falta de políticas públicas para as comunidades mais pobres. Já MC Bob Rum disse que, como artista, sempre defendeu a família. (MC) Eu levanto muito a bandeira da família e tenho orgulho de ser um funkeiro pai de família. Assim como todos os que trabalham com funk. Não passa de uma discriminação. (Paula) O relator da sugestão legislativa, senador Romário, do Podemos do Rio de Janeiro, disse que convidou o autor da sugestão e outras pessoas que defendem a criminalização do funk para a audiência, mas todos rejeitaram participar do debate. O senador afirmou que há de se ter cuidado com eventuais preconceitos contra a cultura brasileira. (Romário) Hoje, funkeiros são apresentados como estupradores ou traficantes. Não por serem estupradores ou traficantes, mas simplesmente por serem funkeiros. Esse tipo de inversão é especialmente grave quando nossos preconceitos tentam se traduzir em forma de lei. (Repórter) A proposta teve o apoio de quase 22 mil pessoas. Como ultrapassou os 20 mil apoios mínimos, foi encaminhada para a CDH e poderá ser convertida em projeto de lei. Rádio Senado, Paula Groba. SUG 17/2017

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