Após debate, votação de projeto sobre emendas de relator é adiada

Da Agência Senado | 15/12/2022, 16h42

A votação do Projeto de Resolução que define critérios de distribuição das emendas de relator-geral do Orçamento da União, as emendas RP9, foi adiada para a próxima sessão conjunta do Congresso, prevista para terça-feira (20). O adiamento foi sugerido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, depois da leitura do relatório e início da discussão da matéria. 

Apresentado em conjunto pelas Mesas do Senado e da Câmara dos Deputados, o texto (PRN 3/2022) tem o intuito de dar transparência às emendas de relator-geral do Orçamento. 

— Em uma emenda individual que vá para qualquer município do Brasil, tem lá identificado qual foi o parlamentar que levou. A emenda de relator terá a mesma categoria de uma emenda individual, porque lá terá que ter, obrigatoriamente, o nome do deputado ou do senador que indicou. Mas, mais do que isso: nós estamos avançando, no sentido da equidade, no sentido da impessoalidade. Fazendo como? Distribuindo os recursos proporcionalmente às bancadas. Se um partido que tem 10 deputados recebe "x", o partido que tem 100 deputados vai receber dez "x" — apontou o relator do projeto, Marcelo Castro, que também relata o Orçamento de 2023 (PLN 32/2022)

Mas parte dos parlamentares discordam dos efeitos da medida. O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) afirmou que o projeto de resolução não garante isonomia e transparência e contraria o voto da ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber, que abriu o julgamento da ação que questiona o atual procedimento de distribuição de verbas por meio das emendas de relator. A votação ainda não foi concluída pelo STF.

— A resolução não atende aos princípios constitucionais de impessoalidade, transparência, isonomia, eficiência. Isso é muito claro. O mecanismo do orçamento secreto ressuscitou estratégias de cooptação de base e de acesso à corrupção que foram vistas lá atrás em escândalos como da máfia dos sanguessugas e dos anões do Orçamento, como bem relatou, no seu voto, a ministra Rosa Weber — afirmou.

Outro a se somar às críticas foi Oriovisto Guimarães (Podemos-PR). Ele também destacou que o voto da ministra Rosa Weber é claro ao demonstrar a inconstitucionalidade da criação de novas despesas públicas por meio das emendas de relator. Para o senador Esperidião Amin (PP-SC), o relator do projeto, senador Marcelo Castro (MDB-PI), fez o possível para se aproximar do “razoável”, mas Amin avaliou que as Mesas do Senado e da Câmara e a CMO deveriam ficar de fora da divisão dos recursos. 

— Portanto, saúde, educação e assistência social, seja sob a forma de emenda individual, seja sob a forma de emenda de bancada, estão muito bem equacionadas. Agora, eu acho que o restante não tem que fazer emenda de relator para presidente da CMO, para relator da CMO, para Mesa — ponderou. 

Projeto

Pelas regras atuais, a decisão sobre repasse das emendas RP9 fica com o próprio relator do Orçamento, sem critérios objetivos. Pela proposta, o relator passará a fazer indicações para a execução das programações cadastradas por parlamentares, que poderão ser fundamentadas em demandas apresentadas por agentes públicos ou por representantes da sociedade civil.

A proposta prevê que as indicações para essas emendas serão feitas de acordo com o tamanho das bancadas partidárias.

Conforme o projeto, a indicação da verba passará a ser dividida da seguinte forma:

  • 15% para o comando do Senado e da Câmara: 7,5% para a Mesa de cada Casa;

  • 5% para serem divididos entre o presidente e o relator da Comissão Mista de Orçamento (CMO), e

  • 80% para as indicações dos partidos, de acordo com o tamanho das bancadas: 23,33% para as indicações dos senadores e 56,66% para as indicações dos deputados

Saúde, educação e assistência social

A medida ainda determina que 50% das emendas deverão ser direcionadas para ações e serviços públicos de saúde, de educação e de assistência social. O texto é um substitutivo do relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI).

Castro acatou uma emenda de Amin para incluir a liberação de dinheiro das emendas destinadas à educação. Antes, o texto previa a reserva apenas para "saúde ou assistência social". Outra emenda acatada, esta da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), substitui a conjunção "ou" por "e" de forma a assegurar que ambas as áreas sejam contempladas.

No projeto da Lei Orçamentária de 2023, a reserva para as emendas do relator-geral é de R$ 19,4 bilhões.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)