Representante da UNE critica fim do prazo de carência do Fies em audiência pública

Da Redação | 05/09/2017, 19h06

As regras do novo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que acabam com o prazo de carência para início da quitação da dívida do financiamento, foram criticadas em audiência pública nesta terça-feira (5). A comissão mista que analisa a Medida Provisória (MP) 785/2017 ouviu a  diretora de Relações Institucionais da União Nacional dos Estudantes (UNE) Bruna Brelaz.

A estudante defendeu a necessidade de regulamentação e aperfeiçoamento do Fies, porém deixou claro que as alterações devem ocorrer em prol do estudante. Ela destacou a atual crise econômica e a modificação da medida para acabar com o prazo de carência.

— Essa diminuição do prazo de carência nos preocupa muito por que prejudica o estudante que precisa estruturar a sua vida profissional após o término da graduação. É contraditório com o período em que estamos vivendo de crise econômica. Hoje o estudante sai da universidade e não consegue um emprego em três meses ou até mesmo em um ano – disse.

A representante estudantil ainda indicou que, no Nordeste, 50% dos jovens de 21 a 24 anos estão desempregados. A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) classificou o fim do prazo de carência como uma mudança “desconexa da realidade” de crise atual.

O relator da matéria, deputado Alex Canziani (PTB-PR), não descartou a possibilidade de o aluno só começar a pagar o financiamento a partir do momento em que estiver empregado.

— Enquanto a pessoa não tem renda ela não paga o financiamento. Por que ela não passa a pagar a partir do momento que ela está no mercado de trabalho? Não seria melhor e mais justo? – questionou.

A possibilidade de aumento de mensalidade e taxas extras fora do valor financiado por parte das universidades privadas também foi um ponto levantado por Bruna Brelaz. Ela apontou a necessidade de um ensino superior de qualidade não só nas universidades públicas mas como também nas particulares.

O número limitado de vagas para alunos de baixa renda, apenas 100 mil segundo a MP, voltou a ser ressaltado pelos parlamentares. O deputado Átila Lira (PSB-PI) chegou a classificar como uma “meta tímida” que poderia atrapalhar as futuras campanhas eleitorais.

A comissão deve ouvir ainda representantes do sistema financeiro e do governo nas próximas audiências públicas.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)