Governistas criticam ocupação da mesa do Plenário; para Oposição, foi ato político

Da Redação | 11/07/2017, 15h27

A tentativa das senadoras de impedir a votação da reforma trabalhista (PLC 38/2017) ocupando a mesa do Plenário causou irritação aos governistas. Eles classificaram a atitude de inadmissível e alegaram tratar-se de um atentado à democracia. Cerca de uma hora depois de iniciada a sessão desta terça-feira (11), as parlamentares se recusaram a dar lugar ao presidente Eunício Oliveira, que suspendeu os trabalhos.

O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), disse estar presenciando um desrespeito ao Senado; o 1º-vice-presidente, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), classificou o ato de "avacalhação"; e o senador José Medeiros (PSD-MT) informou que entraria com uma representação no Conselho de Ética.

— Elas acharam que isso aqui é um circo num momento sério. Não podemos ficar com o país parado Não tenho dúvida de que alguma penalidade deve haver. Olha o exemplo que estão dando para as demais casas legislativas. Essa é a democracia do PT. Democracia pressupõe respeito às leis, decisão pelo voto e como viram que iam perder, estão fazendo isso — afirmou Medeiros.

Irônico, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) afirmou que só tinha visto algo parecido numa reunião da União Nacional dos Estudantes (UNE). Na opinião dele, as parlamentares perderam o senso da responsabilidade e do ridículo.

Justificativa

Os oposicionistas, por sua vez, amenizaram a situação. Para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o que houve nesta terça-feria foi um ato político de quem é contra reformas que atentam contra os trabalhadores, num país que está numa situação anormal.

— Acho um gesto político apropriado, correto neste momento, porque o Senado está abrindo mão da sua função. Isso aqui é Casa revisora. E o Senado simplesmente está dizendo que vai votar o mesmo projeto da Câmara porque está acreditando no veto do Temer em cima de oito temas. Como vetar se o Temer pode nem ser mais presidente da República? Não existe diálogo aqui que não seja pelo restabelecimento do papel do Senado, de funcionar como Casa revisora.

O senador Jorge Viana (PT-AC) foi um dos que tentaram fechar um acordo para que as senadoras desocupassem o Plenário. Segundo ele, a oposição pediu que fosse aprovado pelo menos um destaque ao texto principal da reforma trabalhista. Essa emenda destacada retiraria do texto a parte que trata do trabalho de gestantes e lactantes em ambientes insalubres, o que faria o PLC retornar para a Câmara. Com esse acordo, as senadoras concordariam em desocupar a Mesa.

— Qual a urgência de votar isso hoje? Podemos discutir mais um ou dois meses. Por que não fazer as coisas direito? — disse Viana.​

A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) lembrou que o Congresso está a três dias do recesso e nada ganharia votando um tema tão importante às pressas, "com um presidente da República que já caiu do trono". Para ela, o tema deveria voltar a ser discutido em agosto.

— Isso é uma aberração. Eu sou reformista. Eu acredito nas reformas. Agora, nessas condições? Servindo a quem? Estou sendo usada. Me sinto uma inocente útil. A quem estou servindo em votar com tanta pressa? Tem oito pontos dos quais eu discordo radicalmente. Por que o Senado não pode votar? Aproveitamos essa oportunidade, votamos as emendas. Ganhou, ganhou, perdeu, perdeu — afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)