CPI do Futebol termina. Dois relatórios seguirão para órgãos de investigação

Sergio Vieira | 07/12/2016, 13h33

Após um ano e cinco meses de trabalho, a CPI do Futebol foi encerrada nesta quarta-feira (7) com a aprovação do relatório final, a cargo do senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Ainda durante as discussões, o presidente da CPI, senador Romário (PSB-RJ), tentou convencer Jucá a incorporar formalmente ao relatório o voto em separado apresentado por ele e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) no dia 23.

A sugestão não foi acatada por Jucá. Ele argumentou ter se apoiado na nova legislação referente às comissões parlamentares de inquérito para enviar aos órgãos de fiscalização e controle toda a documentação sigilosa conseguida durante as investigações.

— Você pode ficar tranquilo, Romário, está em anexo toda a documentação. Agora cabe ao Ministério Público promover as responsabilidades civis ou criminais, e de quem quer que seja — ponderou o relator.

Além do Ministério Público, o relatório será encaminhado à Receita Federal, ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e ao Banco Central. Da documentação sigilosa constam informações referentes ao presidente da CBF, Marco Polo del Nero e também aos ex-presidentes Ricardo Teixeira e José Maria Marin.

Sem indiciamentos

Romário deixou claro que não se considerava "satisfeito" com a aprovação de um relatório que não prevê nenhuma sugestão de indiciamento. O parlamentar entende que a CPI teria um "grande final" se aprovasse os dois relatórios conjuntamente.
O texto de Jucá, avaliou o senador pelo Rio,  é "bom" no diagnóstico e em sugestões legislativas e de gestão. Busca explorar de maneira mais racional as potencialidades econômicas e de inclusão social decorrentes da popularidade do futebol no Brasil.

- Entendo que toda a documentação que conseguimos, conseqüência do trabalho dedicado nosso e de toda uma equipe, é mais que suficiente pra que já propuséssemos estes indiciamentos - disse Romário.

Romário informou, inclusive, que seu voto em separado já havia sido enviado a diversos órgãos de investigação e controle, acreditando que especialmente no Ministério Público ele trará conseqüências para a cúpula do futebol brasileiro, devido aos "crimes" que ali aparecem.

O relatório "paralelo" defende desde já os indiciamentos de del Nero, Teixeira e Marin; do deputado federal Marcus Vicente (PP-ES), vice-presidente da CBF; de Gustavo Feijó, também vice-presidente da CBF; de Carlos Lopes, diretor jurídico da Confederação e de Antonio Osorio Ribeiro, ex-diretor financeiro da entidade. O documento segere igualmente que os empresários José Hawilla e Kleber Leite sejam indiciados.

Os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Magno Malta (PR-ES) observaram que têm sido comuns os casos de CPIs no Senado e na Câmara em que os relatórios paralelos tem seus pontos mais acatados pelo Ministério Público do que os relatórios oficiais.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)