Para aliados de Temer, Brasil tem 'uma nova chance'

Da Redação | 31/08/2016, 17h53

Após a efetivação do presidente Michel Temer no cargo, nesta quarta-feira (31), senadores da base parlamentar do governo comemoraram a conclusão do processo de impeachment como “uma nova chance” para o Brasil promover reformas e recuperar a economia.

Para o líder do PMDB, senador Eunício Oliveira (CE), o novo presidente terá a missão de “reconciliar” as forças políticas após os enfrentamentos do impeachment, enquanto o Congresso deverá “pacificar” a população. Além disso, ele apontou como prioridades o combate ao desemprego e as reformas estruturais.

— O que nós queremos é colocar novamente em postos de trabalho os cerca de 12 milhões de brasileiros que estão desempregados. Queremos ajudar a fazer as reformas que o país precisa: política, tributária, previdenciária. E, fundamentalmente, fazer com que a economia renasça, para esperança de todos os brasileiros — disse.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) celebrou o resultado do impeachment como afirmação de que “a lei é para todos” e disse que é hora de “virar a página”. Ele também falou na importância de pensar no futuro e alertou para a gravidade da situação da economia que o novo governo precisará enfrentar.

— O Brasil se dá uma nova chance, de olhar para o futuro e construir uma agenda de reformas urgentes. O descontrole da economia brasileira, com enorme repercussão na vida cotidiana das pessoas, perda de direitos e renda e desemprego avassalador, precisa ser enfrentado com coragem e sem ambiguidades.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse acreditar que o impeachment será a porta de saída das crises que o Brasil atravessou nos últimos tempos. Ele também destacou a seriedade dos problemas, mas manifestou confiança no presidente Michel Temer e pediu que todos os partidos, incluindo a nova oposição, possam dialogar.

— O mais importante de tudo é que é um momento histórico. Supera uma fase muito crítica que o Brasil estava vivendo. Tenho certeza que a partir de agora o presidente Temer vai ter condições de reconstruir o Brasil, que vive uma das suas piores crises.

Já o senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou que o Senado foi capaz de “tirar o Brasil a limpo”. Ele não expressou surpresa com o placar da votação que cassou o mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, e disse crer que isso é um bom sinal para a atuação da casa nos próximos tempos.

— Tivemos um resultado expressivo e dentro do esperado. Os 61 votos [pelo impeachment] mostram que majoritariamente o Senado, que é a casa da federação, tomou a decisão correta, de construir outro caminho para todos os brasileiros.

"Pulga atrás da orelha"

Apesar do discurso de união e esforço conjunto, uma divergência já surgiu entre os partidos da base aliada: o resultado da segunda votação, que manteve os direitos políticos da ex-presidente Dilma Rousseff, foi encarado por PSDB e DEM como um aceno do PMDB, partido do presidente, ao PT.

O líder do DEM, senador Ronaldo Caiado (GO), garantiu que vai levar o assunto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Para ele, o Senado violou a Constituição ao separar a pena da inabilitação para cargos públicos do resto da sentença. Além disso, ele afirmou que enxerga no fato motivos para duvidar do comprometimento do governo atual.

— A segunda votação foi um grande “acordão” entre o PT e o PMDB. Vamos analisar e ver até que ponto este governo vai ter independência. A sociedade brasileira está neste momento com a pulga atrás da orelha.

Aécio Neves, que é o presidente nacional do PSDB, declarou-se “surpreendido” com a segunda votação e cobrou “responsabilidade” do PMDB. Ele disse que seu partido apoiará o governo de Michel Temer enquanto reconhecer nele o compromisso com a condução do país.

— É preciso que o PMDB diga de forma muito clara qual é o nível do seu compromisso com a agenda de reformas que imediatamente deve ser colocada à apreciação do Congresso. O apoio do PSDB não é a um projeto eleitoral. Estamos apoiando uma agenda de reformas para o Brasil porque ela é essencial para recuperar a economia.

O líder tucano no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), também analisou com estranhamento a manutenção da habilitação pública de Dilma, mas avaliou que as decisões do Plenário são irrecorríveis e disse que eventuais recursos não devem prosperar.

Eunício Oliveira minimizou o acontecido e disse que o fato importante é que a grande maioria dos senadores optou por efetivar Michel Temer na Presidência da República. Com isso, garantiu ele, há estabilidade política para o governo.

— A base do presidente Temer ficou clara. Ele tem 61 votos para governar o Brasil aqui dentro do Plenário — frisou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)