'Mercosul não aguenta mais 10 anos sem um grande acordo', diz embaixador

Sergio Vieira | 24/08/2016, 14h52

A conclusão da negociação de um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia será uma das prioridades do embaixador designado para a Alemanha, Mario Vilalva, cuja nomeação foi aprovada nesta quarta-feira (24) pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). O relator da mensagem presidencial foi o senador Armando Monteiro (PTB-PE), que ressaltou o papel que a Alemanha pode exercer nas negociações.

O embaixador informou que já vem ajudando na organização de uma série de seminários na Universidade Católica de Lisboa sobre o acordo Mercosul-UE, que conta com a participação inclusive do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz. Ele é uma das lideranças históricas do Partido Social-Democrata alemão, que, junto com a Democracia Cristã, forma a chamada "grande coalizão" que sustenta o governo de Angela Merkel.

— O Mercosul não aguenta mais 10 anos sem fazer um acordo importante de livre comércio, fizemos poucos acordos até agora. Isso é uma consequência natural em processos de integração, e a Europa é nossa parceira — afirmou Vilalva.

Ele reconhece que essas negociações são "longas e complexas" e que só serão concretizadas se houver um compromisso efetivo de ambos os lados.

Investimentos alemães

O diplomata ressaltou que no ano passado, como consequência de uma visita oficial de Merkel ao Brasil, foram assinados 18 acordos de cooperação, pelos quais a Alemanha prometeu aportar até 582 milhões de euros entre doações e linhas de crédito em setores como ciência, tecnologia, inovação, energia e Previdência Social, entre outros.

Ele anunciou que irá trabalhar pela efetivação desses investimentos e buscar outros, admitindo que o Brasil sofre hoje de uma "crise de imagem" na Alemanha, fruto de uma expectativa positiva em relação a nosso país existente no final da década passada, que acabou não se concretizando nos últimos anos.

Vilalva lembrou ainda que a Alemanha é o "motor" da União Europeia, lidera o processo de reerguimento econômico no Bloco e trata diretamente com o Reino Unido a saída deste país. Ressaltou também que a Alemanha hoje atua diretamente nas mais relevantes negociações internacionais, como as relativas à Rússia e à Ucrânia, o combate ao Estado Islâmico, as guerras na Síria e no Iraque e a tragédia dos refugiados.

A nação germânica, observou, é ainda a quarta maior economia mundial, possibilitando uma boa qualidade de vida para a maioria da população, com baixo desemprego e uma ótima situação fiscal. É também hoje a maior exportadora líquida de capitais em todo o planeta.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)