'Crise exige sensatez e serenidade', diz Renan Calheiros

Paulo Sérgio Vasco | 01/09/2015, 18h39

O presidente do Senado, Renan Calheiros, disse nesta terça-feira (1º) que a crise atual não é apocalíptica, mas exige de todos sensatez e serenidade em busca de saídas. Renan ressaltou que os ciclos históricos de maior gravidade não comportam omissões, notadamente dos homens públicos, e observou que a inércia e a abulia são atalhos para a ruína de uma nação.

— Não somos nem seremos narradores impessoais desse precipício — disse Renan na instalação da Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional, criada para examinar os projetos da Agenda Brasil, que propõe soluções para promover o desenvolvimento nacional.

Renan afirmou que foi “um crítico até ácido do ajuste fiscal como um fim em si mesmo”, mas que sempre defendeu sua qualificação com uma agenda para o país. Ele explicou que a Agenda Brasil é um roteiro de 28 proposições englobadas em três eixos, com potencial para reaquecer a economia, ampliar a segurança jurídica, melhorar o ambiente de trabalho, devolver a confiança no país e reverter a expectativa na redução do grau de investimento do Brasil pelas agências internacionais de risco.

— A agenda é permeável a aprimoramento e críticas; ela se propõe a ser um roteiro orientador, despersonalizado, onde todos terão contribuições relevantes a fazer. Recebi com muita satisfação contribuições que vêm da Câmara para a agenda — afirmou.

Renan disse ainda que a Agenda Brasil é destinada à nação e desautoriza devaneios políticos

— Não sou governista, não sou oposicionista, sou presidente de uma instituição que deseja fazer parte e ser facilitadora de uma saída para o Brasil. Esta não é uma tentativa de aproximação política com ninguém, mas de afastamento da crise. O governo tem prazo de validade, o país não tem prazo de validade — afirmou.

Renan afirmou que os novos tempos não acolhem disputas, intrigas e  divisões, e que modular a crise que pune toda a nação, chefes de família e trabalhadores em busca de dividendos políticos é impatriótico.

— Tiro, porrada e bomba não reerguem nações, espalham ruínas e, lamentavelmente, só ampliam os escombros. Nós não seremos sabotadores da nação e agentes de mais instabilidade — afirmou.

Renan ressaltou ainda que a saída da crise econômica atual não passa pela criação de novos tributos ou elevação de impostos.

— A sociedade está no limite. Cabe ao governo cortar seus gastos, vender ativos, reaquecer a economia, criar política de estímulo ao emprego e ao investimento. A agenda Brasil não pode ser uma carta de intenções. E não será uma carta de intenções — afirmou.

Renan lembrou que a agenda contém propostas que regulamentam temas ligados à educação,  benefícios fiscais, segurança pública, revisão do marco da mineração, celeridade em licenciamento ambiental e modernização da legislação no que se refere à aquisição de terras no Brasil por estrangeiros, entre outros temas.

O presidente do Senado observou ainda não cabe ao Congresso Nacional resolver o déficit do Orçamento de 2016, encaminhado ao Legislativo na segunda-feira (31).

— Em última instância, o Congresso vai apreciar cada emenda, mas caberá ao governo propor soluções para enfrentar o déficit orçamentário, e não esperar que o Congresso possa fazer isso. Cabe-nos propor saídas para o Brasil, orgânicas, suprapartidárias, mas colocando o interesse nacional efetivamente em primeiríssimo lugar — concluiu.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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