Problemas do transporte público no Entorno de Brasília são analisados na CMA

Iara Guimarães Altafin | 28/04/2015, 15h18

Audiência pública realizada nesta terça-feira (28) na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) discutiu as precárias condições do transporte coletivo utilizado anualmente por cerca de 32 milhões de passageiros que vivem em municípios vizinhos a Brasília e que todo dia se deslocam até a capital.

Gravitam em volta do Distrito Federal 19 municípios de Goiás e três municípios de Minas Gerais, formando a chamada Região do Entorno de Brasília. Essas cidades não conseguem oferecer trabalho e serviços públicos necessários à sua população, que se vê obrigada a se deslocar a Brasília a busca de emprego, de oportunidades de estudo e de atendimento médico.

Não há transporte ferroviário de passageiros na região, apenas transporte público rodoviário, com ônibus em quantidade insuficiente e de baixa qualidade, obrigando a população a sair de casa de madrugada e a enfrentar jornadas de até quatro horas para chegar a Brasília, levando o mesmo tempo na volta para casa.

— Estamos cansados de enxugar gelo e empurrar com a barriga — desabafou o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), autor do requerimento propondo o debate, em reação à sugestão do diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Luiz Macedo Bastos, de convênio entre as prefeituras municipais envolvidas, os governos do DF, de Goiás e de Minas Gerais e a União.

Para o senador, são muito os interesses em disputa, inviabilizando qualquer tipo de acordo ou convênio.

— Se algum político for lá [aos municípios do Entorno] e disser que vai fazer isso [o convênio], não termina o discurso, tamanha a insatisfação da população — frisou Caiado, ao afirmar que esse tipo de solução tem sido uma promessa recorrente de candidatos, em diversas eleições, sem que nada tenha sido operacionalizado.

O parlamentar defende uma solução centralizada pela União, pois ele considera que nenhuma empresa de ônibus do seu estado será viável sem os subsídios que a União oferece ao governo do DF. Para Caiado, o problema começa com a falta de emprego no Entorno, por conta da competição desleal enfrentada pelos empresários dos municípios, frente aos subsídios para instalação de fábricas e empresas em Brasília.

A necessidade de solução conjunta para o transporte no Entorno, conforme Bastos, se deve à inviabilidade econômica do serviço, que apesar de ser de ligação intermunicipal, se caracteriza como transporte urbano, com catraca e espaço para passageiros em pé.

Conforme explicou Ismael Silva, da ANTT, o serviço seria viável se fosse ponto a ponto, ou seja, da rodoviária da cidade do Entorno até a rodoviária de Brasília. No entanto, por falta de transporte dentro dos municípios, a empresa é obrigada a circular dentro da cidade para recolher passageiros, em vias precárias, reduzindo a vida útil dos veículos. Mas Ronaldo Caiado não acredita na convergência entre os governos.

— O transporte de um ponto do estado a um ponto do Distrito Federal não é a solução para nós. A região como um todo deve ser encampada pela União e a União assumir uma posição, não só orçamentária mas também de gestão do serviço — opinou Caiado, ao lembrar que os municípios do Entorno estão entre os de menor IDH do Brasil.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)