Demóstenes, de defensor da ética a senador cassado

Nelson Oliveira e Anderson Vieira | 20/07/2012, 16h35

O procurador Demóstenes Lázaro Xavier Torres iniciou sua carreira no Senado em 2003 voltando-se para as áreas de segurança pública, direito penal e processual penal. Também procurou se notabilizar como moralizador da política, a ponto de ser considerado um “mosqueteiro da ética” pela revista Veja em 2007.

Demóstenes protagonizou embates com vários colegas, cobrando explicações dos que respondiam a denúncias de irregularidades. Articulado, considerado um dos quadros mais competentes do Senado, notabilizou-se como uma das principais vozes da oposição, a ponto de ser lembrado como possível candidato a presidente da República. Fez duros discursos a respeito de denúncias contra ministros e senadores, especialmente do PT e do PMDB. Inclusive contra o ministro da Saúde, Humberto Costa (3003-2005), que, já absolvido das suspeitas e eleito senador pelo PT de Pernambuco, viria a ser o relator do processo de cassação do parlamentar goiano.

Quando o ex-senador e ex-governador José Roberto Arruda, então um dos nomes mais fortes do DEM, foi flagrado pela Polícia Federal na operação Caixa de Pandora, Demóstenes não hesitou em pedir veementemente sua imediata expulsão da legenda.

Mas o destino de Demóstenes mudou em março deste ano, quando surgiram notícias ligando o senador a Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso na operação Monte Carlo, da Polícia Federal, e acusado de comandar uma organização criminosa. Da tribuna, no dia 6 de março, Demóstenes se defendeu e recebeu 44 apartes em solidariedade, de senadores de

todos os partidos, inclusive do PT e do PSOL. Poucas semanas depois, Demóstenes era expulso do DEM.

No dia 11 deste mês, 56 senadores consideraram Demóstenes culpado das acusações de envolvimento com o esquema de Cachoeira. Outros 19 senadores o consideraram inocente, e cinco se abstiveram.

Foram nove anos de mandato e 103 dias de agonia, desde que o PSOL representou contra o senador no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Alegando inocência, o parlamentar protagonizou na última quarta-feira o momento mais dramático desta legislatura, depois de brilhar na aprovação da Lei da Ficha Limpa. Uma seleção de imagens dessa trajetória surpreendente segue abaixo.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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