Relator da CPI do Cachoeira diz que não vai se intimidar com críticas de Perillo

Isabela Vilar | 28/06/2012, 17h04

O relator da CPI que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados, deputado Odair Cunha (PT-MG) afirmou nesta segunda-feira que não se sentirá intimidado por nenhuma crítica à condução das investigações. A declaração foi uma resposta às críticas feitas pelo governador de Goiás, Marconi Perillo.

Na manhã desta quinta-feira (28), ao sair de reunião na sede da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o governador de Goiás disse em entrevista que o relator da CPI deveria ser isento e não servir de “cabo de chicote”. Em entrevistas anteriores, Perillo já havia afirmado que está sendo alvo de perseguição política.

- Eu não vou me intimidar com nenhum tipo de declaração de qualquer pessoa. Nós vamos continuar investigando a organização criminosa. Infelizmente essa organização criminosa está no governo de Goiás - disse Odair Cunha.

O relator negou perseguição política e afirmou que, ao contrário do que disse o governador, o foco no estado de Goiás não se dá por questões partidárias. Para ele, não haveria sentido em convocar depoentes de outros estados porque até agora o que se viu foi a atuação da organização supostamente comandada por Cachoeira em Goiás e no Distrito Federal.

- Nós estamos atrás da verdade e vamos continuar buscando essa verdade com base territorial muito clara - afirmou o relator, antes de garantir que investigará pessoas ligadas aos governos de outros estados se aparecerem indícios suficientes de envolvimento com a organização.

Odair Cunha disse esperar que Perillo colabore com as investigações, assim como pessoas que estão ou estiveram sob as ordens do governador. Além disso, Odair Cunha cobrou do governador que coloque as polícias Civil e Militar para combater a contravenção em Goiás.

Novos áudios

O relator também falou sobre o conteúdo de novas interceptações telefônicas divulgado nesta quinta-feira pelo jornal Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, gravações da polícia mostram que Cachoeira acreditava ter conseguido “portas abertas” no governo com a compra da casa de Perillo.

Há, ainda, uma conversa entre o ex-vereador Wladimir Garcez, que seria “o laranja” na compra da casa de Perillo e Carlinhos Cachoeira. Na conversa, Garcez teria perguntado se Cachoeira quer falar com o governador durante a entrega dos cheques da compra da casa, o que indicaria que Perillo sabia quem era o real comprador, apensar de ter negado o fato à CPI durante seu depoimento, há cerca de duas semanas.

- Essa história sobre a casa está bem elucidada no que diz respeito a quem comprou a casa e às relações que se estabelecem com a venda dessa casa. Os áudios só confirmam ainda mais a versão que nós estamos buscando provar - afirmou o relator.

Próximos convocados

Na próxima semana, devem ser realizadas duas reuniões da CPI: uma para a tomada de depoimentos, na terça-feira (3), e uma administrativa, na quinta-feira (5). Segundo o relator, devem ser convocados ex-diretor do Detran de Goiás, Edivaldo Cardoso, que aparece em ligações com Cachoeira; Rubmaier Ferreira de Carvalho, apontado como contador de empresas de fachada do grupo, e um representante da Alberto & Pantoja Construções, que seria uma dessas empresas. As convocações ainda dependem da intimação dos depoentes.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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