Maio Amarelo quer reduzir acidentes e vítimas de trânsito

Aline Guedes | 09/05/2017, 10h21

Chamar a atenção para o alto número de mortos e feridos no trânsito no mundo. Essa é a proposta do Movimento Maio Amarelo, coordenado entre poder público e sociedade civil para promover ações de educação e conscientização, debater riscos e responsabilidades e avaliar o comportamento no trânsito.

Um dos órgãos públicos que aderem e incentivam o movimento é o Senado, cujo prédio fica iluminado de amarelo entre 13 e 31 de maio. O alerta se soma às iniciativas de dar aos acidentes o tratamento de uma epidemia, levando à adoção de medidas para reduzir o número de vítimas.

Não são raras as notícias sobre crimes no trânsito brasileiro. São cerca de 43 mil mortes por ano no país, segundo estimativas do Ministério da Saúde

Ministério da Saúde. No mundo, o número de mortos nas estradas pode chegar a 1 milhão por ano até 2030. Nesse período, entre 20 milhões e 50 milhões de pessoas sobreviverão aos acidentes a cada ano, com traumatismos e ferimentos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O problema é mais grave nos países de média e baixa rendas. A OMS estima que 90% das mortes acontecem em países em desenvolvimento, como o Brasil. Ao mesmo tempo, esse grupo possui menos da metade dos veículos do mundo (48%), o que revela que é muito mais arriscado dirigir — especialmente motos — nesses lugares. E a situação se agravará ainda mais nesses países, segundo a OMS, devido ao aumento da frota, à falta de planejamento e ao baixo investimento na segurança das vias públicas.

A chave para a redução da mortalidade, diz o relatório, é garantir que os Estados- -membros adotem leis que reprimam os principais fatores de risco: direção sob efeito de álcool, excesso de velocidade e não uso do capacete, do cinto de segurança e das cadeirinhas para crianças.

Segundo o gerente de Ações Educativas de Trânsito do Detran do Distrito Federal, Tiago Moreira, mais de 100 ações são promovidas em Brasília para lembrar que comportamentos simples, como usar cinto de segurança, não dirigir sob efeito de drogas e obedecer à sinalização, são significativos para reduzir a mortalidade no trânsito.

— São palestras, blitze educativas e passeios ciclísticos em empresas, escolas e nas próprias vias, cujo foco, este ano, é a segurança dos usuários mais vulneráveis, que são os pedestres e ciclistas — informou Moreira.

Faixa de pedestres

Outra medida para um trânsito mais seguro é o respeito à faixa de pedestres. Brasília já foi modelo nesse quesito, por meio de uma campanha bem- -sucedida que ajudou a salvar muitas vidas.

A ação é simples: o pedestre para no começo da faixa e, ainda na calçada, estica o braço na horizontal, dando sinal de que pretende atravessar. Os motoristas entendem a mensagem e param, até que o cidadão atravesse a rua em segurança.

Implementada em 1997, inicialmente no Plano Piloto, a iniciativa chegou a ser adotada em outras partes do país. Mas a falta de campanhas de conscientização levou motoristas, antes atentos às faixas, a relaxar o comportamento. O número de mortes nas travessias para pedestres em Brasília subiu de quatro, em 2015, para seis, no ano passado. As principais causas são a imprudência de condutores que excedem os limites de velocidade e usam o celular ao volante.

Segundo o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que era governador do DF quando foi lançada a campanha, embora o Código de Trânsito Brasileiro determine que os condutores de veículos são responsáveis pela segurança de quem atravessa, a preferência ao pedestre não tem sido absoluta. Cristovam diz que quem está a pé, mais vulnerável, também não pode se descuidar.

— Trânsito não é questão de engenharia, é questão de educação. O pedestre precisa ter cuidado, mas são os motoristas os grandes responsáveis pela maioria dos acidentes. Até por isso, os pedestres não podem deixar de sinalizar antes de pisar na faixa — afirmou o senador.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)