Atividade cria oportunidades para mudança de vida

Soraya Mendanha | 02/05/2017, 09h30

Claudiano da Silva ficou preso em regime fechado 3 anos e 8 meses no Complexo Penitenciário da Papuda (DF), por assalto. Durante esse tempo, não conseguiu realizar nenhum tipo de atividade laboral.

Há dez meses, Claudiano acredita que aconteceu uma “bênção em sua vida”, já que conseguiu, no regime semiaberto, um emprego por meio da Funap.

— Eu trabalho no protocolo da fundação recebendo e despachando documentos e ofícios. Não tem como comparar a vida que eu tenho aqui e a que tinha na Papuda — explicou.

De acordo com ele, o convívio com pessoas que cometeram crimes graves e a falta de algo para distrair fazem com que a chance de os presos se ressocializarem praticamente desapareça. Para Claudiano, o trabalho é fundamental para sair da vida do crime e focar em outras prioridades.

Agora Claudiano considera que virou uma página de sua vida e sonha com o futuro.

— Estou muito feliz por ter conseguido um trabalho. Meu lazer agora é a minha família, e meu trabalho é a melhor parte do meu dia. Sonho, quando eu estiver em liberdade, conseguir um emprego particular — disse.

Contratos

A diretora-adjunta da Funap, Rosângela Santa Rita, afirma que encarcerar os condenados por crimes não tem sido a resposta adequada, já que não combate a criminalidade e não cria perspectivas de ressocialização. Segundo ela, a solução seria pensar em perspectivas de redução de encarceramento.

— Estamos falando de um ambiente com problemas que não se resolvem com a criação de mais vagas nos presídios. Temos que pensar em perspectivas de redução de encarceramento e em ampliar as possibilidades de alternativas penais — explicou.

No Distrito Federal, dados fornecidos pela Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social (SSP), por meio da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), revelam que, na primeira semana de março, o sistema penitenciário do DF contava com 15.192 internos.

O último levantamento realizado pela subsecretaria revelou que apenas 3.179 detentos trabalhavam interna ou externamente. O número representa 20,92% do total de presos.

A Funap-DF atua na intermediação da mão de obra das pessoas presas e egressas do sistema prisional e possui cerca de 70 contratos com órgãos públicos e privados.

Rosângela explicou que a Funap encontra dificuldades para atrair parceiros para o trabalho externo de detentos, mesmo eles sendo uma mão de obra barata.

Ela acredita que o preconceito e a falta de conhecimento do sistema prisional são os principais fatores que impedem a inserção de detentos e ex-detentos no mercado de trabalho.

— Infelizmente, ainda tem uma grande parte da sociedade que acredita que bandido bom é bandido morto. Temos que trabalhar com o contrário disso, envolvendo as pessoas, órgãos públicos e privados. Se cada um fizer o seu papel de dar uma nova oportunidade para essas pessoas, vai ser melhor para toda a sociedade — disse.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)