Seminário dá voz a meninas brasileiras

31/08/2017 16h51

Seminário dá voz a meninas brasileiras

Meninas de estados das 5 regiões do Brasil participaram do seminário nacional Meninas no Poder, compartilhando experiências de engajamento e incidência política no projeto Plataforma Meninas no Poder, na tarde do dia 29 de agosto, no auditório do Interlegis. O evento foi iniciativa da organização não governamental Plan International Brasil, com apoio da Procuradoria Especial da Mulher do Senado (ProMul).

Em roda de conversa mediada por Monica Souza, gerente de comunicações da Plan, uma representante de cada região foi convidada a falar sobre como é ser menina onde moram, as experiências negativas por que passaram lá e sobre como foi o processo de empoderamento de cada uma.

Assédio

“A gente mal pode andar na rua sem perigo, nem para frequentar uma faculdade distante a três ruas de sua casa, pois a cada esquina fica vulnerável a acontecer alguma coisa”, disse Luana Conceição, representando as meninas da região Nordeste.

Moradora da periferia de Belém, Joyce mencionou a hipersexualização da mulher negra como um fator que a faz andar com medo da violência sexual. “Já fui assediada por um policial que se achou no direito de dizer besteira para mim, às 11h da manhã”, contou. “Ele devia cuidar de nossa segurança e me fez sentir medo”.

O genocídio da população negra foi um dos elementos da fala de Luísa Xavier, que falou pela região Sul. Ela narrou o choque, ao pegar um ônibus errado, de conhecer um bairro nobre chamado Higienópolis, “limpo de pobres, limpo de gente negra”.

Superação

Maria Eduarda, de São Paulo, depôs sobre como ser gorda a colocava ainda mais para fora do esquadro de outras meninas negras e periféricas. Mas ela superou a pressão do sofrimento. “Uma hora, você quer ser você”, disse Madu. “O que você é não te incomoda tanto quanto incomoda aos outros”, disse.

Representante do Centro-Oeste e moradora do Sol Nascente, região periférica do Distrito Federal, Isabel disse como foi importante deparar-se, na Plan, com uma coordenadora negra, Bárbara Barboza, que também fez as vezes de mestre de cerimônias do seminário nacional.

O evento promoveu lançamento da Plataforma Virtual Meninas no Poder e do relatório As Meninas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – Uma análise da Situação das Meninas no Brasil, apresentado por Daniella Rocha, coordenadora do estudo.

Desafios

Daniella destacou a dificuldade de combinar indicadores de gênero e de idade, quase sempre indisponíveis, isolada ou simultaneamente, nos indicadores relativos aos 17 ODS que compõem a agenda 2030.

Ela constatou avanços em dados relativos a meninas quanto a pobreza, desnutrição, educação e saúde, mas alertou para desafios em áreas como violência sexual, onde meninas superam meninos e o público adulto; trabalho infantil doméstico, especialmente para meninas negras, pobres e rurais; direitos reprodutivos e sexuais; educação de negras e indígenas; e participação e empoderamento.

“Vocês representam, o que nós queremos construir no futuro”, disse Rita Polli, coordenadora da ProMul. O evento contou com presença, entre outras, de Joana Chagas, da ONU Mulheres; Maria Gutenara, da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente; Rubia Quintão, da Secretaria de Governo; Perla Ribeiro, do governo do Distrito Federal; Viviana Santiago, Flávio Debique e Bárbara Barboza, da Plan.