Sarah Abrahão, primeira mulher secretária-geral da Mesa, lança biografia na Biblioteca

01/12/2016 13h41

A biografia da primeira mulher a ocupar o cargo de secretária-geral da Mesa do Senado, Sarah Abrahão, foi lançada na noite dessa terça-feira (29) na Biblioteca da Casa. “Memórias do Senado” foi escrito pelo jornalista Paulo Almeida. Além do presidente do Senado, Renan Calheiros, três ex-presidentes da Casa compareceram ao evento: José Sarney, prefaciador do livro, Mauro Benevides e o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN). Os ex-secretários-gerais da Mesa Guido Carvalho, Raimundo Carrero e Cláudia Lyra também participaram do lançamento.

Entre os convidados, estavam ainda o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e os deputados distritais Agaciel Maia (PR-DF), ex-diretor-geral do Senado, e Cristiano Araújo (PSD-DF).

O livro é uma homenagem ao Senado, disse Sarah Abrahão, que ocupou o cargo de secretária-geral da Mesa de 1972 a 1973 e de 1975 a 1980.

— Essa homenagem não é minha, é do Senado, minha segunda casa, onde me formei de verdade. Assim fui levando senadores e deputados, eu, a única mulher, sozinha, em meio a muitos homens — recordou, provocando risos do público presente ao evento.

O presidente do Senado Renan Calheiros relatou episódio ocorrido por ocasião da morte do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek, em 1976, no qual a ex-secretária-geral teria se antecipado ao então presidente do Congresso, Magalhães Pinto, e determinado o hasteamento da Bandeira do Brasil a meio-mastro.

— Existem pessoas que o tempo marca e outras que marcam o tempo. Dona Sarah é do segundo tipo, uma personalidade única — elogiou Renan.

José Sarney ressaltou as qualidades profissionais de Sarah Abrahão.

— É uma data importantíssima porque ela não foi apenas um exemplo de funcionária pública, mas incorporou a tudo que fazia o amor que tinha pelo Senado. Temos uma santa de altar na Casa, nos corredores e em todos os pontos da Casa, não só por ser um nome bíblico: ninguém é mais humana, mais bondosa, de uma capacidade e liderança como dona Sarah — elogiou Sarney.

O senador Edison Lobão (PMDB-MA) afirmou que “há episódios dramáticos do processo legislativo”, ao recordar um fato ocorrido no dia do golpe militar de 1964, quando Sarah Abrahão já era servidora do Senado; ela começou a trabalhar na Casa em 6 de maio de 1960. Conforme o senador, na ocasião o então presidente do Congresso Nacional, Auro de Moura Andrade, reuniu-se com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal (STF), Ranieri Mazzilli e Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa, respectivamente, e disse ao comandante do Exército: “Coloca as tropas sob o meu comando porque o Congresso não pode ser molestado”.

História

O secretário-geral da Mesa, Luiz Fernando Bandeira, ressaltou a importância do cargo para o trabalho legislativo.

— É uma alegria ver que esse trabalho, essa missão de acompanhar os bastidores dos trabalhos legislativos, um trabalho tão árduo. Nós [os secretários-gerais da Mesa], em escala muito reduzida, temos a oportunidade de ser atores desse processo. Fico imaginando as confidências que eu possa contar, daqui a 20 anos, de momentos tão sensíveis da história republicana — afirmou.

O biógrafo e jornalista Paulo Almeida disse ter sido prazeroso escrever o livro, principalmente pela pesquisa de documentos.

Tanto a coordenadora da Biblioteca, Helena Celeste Vieira, quanto o diretor da Gráfica, Florian Madruga, enfatizaram a importância do registro de eventos históricos relevantes do país contido na biografia.

— Ela é um ícone, uma servidora pública exemplar que dedicou quase 50 anos de vida ao Senado, um modelo de servidora pública. Enquanto bibliotecária e pesquisadora, destaco a oportunidade [que Sarah Abrahão teve] de registrar a história documentada de fatos, que até então havia apenas o registro oral — destacou Helena Celeste.

Também estiveram no lançamento a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, a diretora da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Virgínia Malheiros Galvez, o advogado-geral, Alberto Cascais, e a chefe do Serviço de Arquivo Histórico, Rosa Maria Gonçalves Vasconcelos. O lançamento foi acompanhado ainda por familiares de Sarah Abrahão: os filhos Cláudia, Cláudio e Luci Amara Tolentino, a neta Sarah Maria Abrahão e o genro César Canhedo.

Fonte: Comunicação Interna/Senado Federal

Fotos: Roque de Sá/ Agência Senado