Combate à Violência contra a mulher no campo e floresta ainda é desafio

Aconteceu hoje, 5/7, na Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher (CMCVM), audiência pública para discutir situação da Violência Contra a Mulher no Campo e na Floresta.
06/07/2016 09h40

Aconteceu hoje, 5/7, na Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher (CMCVM), audiência pública para discutir situação da Violência Contra a Mulher no Campo e na Floresta.

De acordo com dados de pesquisa divulgada pela Contag em 2008, que entrevistou 529 mulheres rurais de todo o País, 55,2% das entrevistadas haviam sofrido algum tipo violência. Dentre estas 21,9% foram vítimas de violência física, 51,1% sofreram violência moral, 27,3% sofreram violência sexual. Entre as mulheres entrevistadas, 27,6% responderam que haviam sido ameaçadas de morte, 11,9% haviam sofrido estupro do marido e 4,3% foram vítimas de cárcere. A pesquisa mostrou ainda que 63,7% das violências domésticas foram praticadas pelos maridos ou companheiros das vítimas.

Na justificativa da deputada Luizianne Lins (PT-CE), autora do requerimento da audiência pública, “o acesso à terra é um dos recursos que viabilizam a produção das mulheres no campo e na floresta, sendo, para muitas mulheres, uma condição básica para a conquista, o fortalecimento e a consolidação da sua autonomia econômica”. Assim, segundo a deputada “esse é um histórico objeto de uma luta que sempre contou com a ampla participação das mulheres do campo e da floresta e se tornou casos de muitas violências em relação ás mulheres no campo” assinalou.

MULHERES RURAISSocorro Prado, representante do Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia considerou importante a audiência pública para debater as realidades das mulheres rurais. Ela acredita que a condição dessas mulheres em situação de violência no campo e na floresta é ainda mais difícil do que aquelas da área urbana. “O acesso às políticas públicas é bem mais complicado nessas áreas. Muitas de nossas mulheres líderes são ameaçadas e mortas com requintes de crueldade”, lamentou.

Para a senadora Regina Sousa (PT-PI) “a violência contra as mulheres tem que ser pauta de toda a sociedade. E só a educação pode mudar isso, educar para a não violência, é muito mais simples do que mudar a cabeça da sociedade já adulta. Se não mudarmos essa concepção daqui 20 anos estaremos aqui dizendo as mesmas coisas”.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS), também participou da reunião e segundo ela “é preciso ter um olhar diferenciado sobre essas mulheres. Ouvir suas especificidades, suas jornadas e as histórias de violações. Essa comissão deve perguntar ao governo o que está sendo feito no âmbito do programa nacional de enfrentamento a violência contra mulher”, protestou.

Participaram da mesa de debates Socorro Prado, do Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia; Sonia Maria Coelho Gomes Orellana, da Marcha Mundial de Mulheres; Ângela Mendes, do Conselho Nacional dos Seringueiros; Carliene dos Santos Oliveira, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura; Beatriz Cruz da Silva, assessora da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça.

Foi aprovado requerimento de autoria da deputada Luiziane Lins (PT-CE) que pede a realização de concurso de vídeo por celular, curta metragem relacionado à temática da Mulher e a superação da violência.

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado